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Análise

Investimentos só retornam com plano de longo prazo para etanol

As medidas anunciadas ontem pelo governo não dão diretrizes claras e de longo prazo para o etanol na matriz energética. Só assim os investimentos no setor voltariam com mais intensidade

MAURO ZAFALON COLUNISTA DA FOLHA

O programa de apoio do governo ao setor sucroenergético ajuda, mas não resolve. É muito pequeno em relação ao que foi perdido nos últimos anos pelos produtores.

Essas perdas ocorreram tanto pela crise financeira de 2008, que deixou as empresas sem crédito, como pela política enviesada do governo para o setor, principalmente quando privilegiou a gasolina, sem adotar as mesmas medidas para o etanol.

Não deixou de ter reflexos também nessa situação difícil das usinas projetos com foco errado no início da euforia do álcool combustível.

O sonho de o etanol avançar cada vez mais na matriz energética do país ficou distante. E essa distância pode ser medida na remuneração das usinas nos últimos anos.

Em alguns meses de 2004, 2005 e 2008, o etanol para o mercado interno chegou a remunerar mais do que o açúcar para as usinas.

Mas o combustível foi perdendo forças e, em março de 2010, o açúcar remunerava 150% mais do que o etanol.

Os dados mais recentes de Mirian Bacchi, pesquisadora que acompanha essa paridade no Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), já indicam uma remuneração de apenas 4% mais para o açúcar.

Ou seja, o setor perdeu os atrativos dos preços do etanol vigentes antes da crise de 2008 e agora perde também os da forte demanda mundial por açúcar, devido a um equilíbrio mundial no setor.

Essa redução de preços dificulta uma recomposição das margens das empresas.

A situação é ainda mais complicada para os novos projetos, muitos deles voltados apenas para o etanol.

Sem açúcar para compensar as perdas no álcool, essas usinas viram os problemas no caixa se agravarem mais nos últimos anos.

QUEDA DE PREÇO

O consumidor deverá ter um bom alívio nos preços do etanol a partir de agora. Essa queda, porém, não será efeito das medidas atuais de isenção de tributos, uma vez que os efeitos deverão ficar concentrados mais no caixa das usinas e das distribuidoras.

Essa retração ocorrerá porque a produção cresce na safra 2013/14, elevando a oferta de álcool. Pressionadas por custos e necessidade de caixa, as usinas desovam a produção para fazer receitas.

Mesmo antes das medidas do governo, os preços já começaram a recuar. Segundo o acompanhamento diário do Cepea, a queda foi de 4,5% na semana passada nas usinas.

Os produtores vão encontrar, ainda, um outro problema neste ano. Os países desenvolvidos colocaram os programas para obter uma matriz energética mais limpa na sala de espera, devido aos sérios problemas econômicos mundiais, principalmente na zona do euro.

Além disso, os Estados Unidos recompõem a safra de milho e deverão importar menos etanol. A quebra de 100 milhões de toneladas de milho, no ano passado, forçou os norte-americanos a elevar as importações de etanol.

As medidas do governo não dão diretrizes claras e de longo prazo para o etanol na matriz energética. Só assim os investimentos no setor voltariam com mais intensidade.


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