Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise Energia

Preço do barril de petróleo não deverá ficar abaixo de US$ 100 no próximo ano

WALTER DE VITTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cotação do barril de petróleo nos últimos meses vem sendo influenciada pela interação de dois aspectos.

De um lado, a perspectiva de menor crescimento mundial age no sentido de reduzir os preços. Do outro, a oferta relativamente restrita exerce pressão na direção oposta, impedindo recuos mais expressivos.

Adicionalmente, a crise em países europeus gera grande instabilidade nos mercados financeiros, provocando bruscas mudanças na direção dos preços.

Contudo, a despeito do menor crescimento da demanda mundial nos próximos anos, as condições de oferta não conferem folga ao mercado de petróleo.

Assim, os preços do barril do tipo Brent devem permanecer acima de US$ 100 em 2012. Além da manutenção da capacidade ociosa em patamar relativamente reduzido e da expectativa de queda dos estoques, a Opep deve ampliar seu poder de influência sobre o mercado.

Nesse sentido, caso se configure um cenário de demanda menos positivo, seria de se esperar que o cartel atuasse reduzindo a oferta.

A economia mundial deverá crescer 3,7% ao ano, em média, até 2013 -1,3 ponto percentual abaixo da média de 2003/7-, influenciada pelos países desenvolvidos, que devem crescer, em média, 1,8% ao ano no período.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, devem liderar a expansão da economia e garantir o aumento da demanda por petróleo até 2013. O grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul deve apresentar expressiva alta de 7,3% ao ano até 2013.

O cenário pressupõe um encaminhamento negociado para a crise da dívida grega e dos demais países europeus endividados.

Com esse ritmo de crescimento econômico, a demanda mundial por petróleo deve crescer 1,5% em 2012 (média de 1,3 milhão de barris a mais por dia), fazendo com que o consumo supere 90 milhões de barris diários pela primeira vez.

Pelo lado da oferta, após decepcionar neste ano, estima-se que a produção dos países não membros da Opep cresça 1,1 milhão de barris diários em 2012.

Ainda assim, haveria deficit de 200 mil barris diários a ser suprido pelo cartel de produtores ou pelo consumo de estoques.

A capacidade ociosa dos países membros da Opep deve permanecer restrita, não devendo superar 5% da demanda até o fim de 2012, mesmo considerando um ritmo acelerado de retomada da produção líbia.

Em suma, a redução das perspectivas para a expansão da economia mundial nos próximos anos, em tese, não deve levar ao recuo expressivo nos preços do petróleo.

WALTER DE VITTO é mestre em economia pela FEA-USP e analista da Tendências Consultoria.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.