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Auditores do PanAmericano devem ser punidos pelo BC

Empresa que acompanhou contas do banco pode ser autuada em R$ 500 mil

Sócios da Deloitte, que diz ter sido induzida a erro e pode recorrer de decisão, não foram indiciados pela PF

TONI SCIARRETTA
JULIO WIZIACK
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

Os sócios da Deloitte que fizeram a auditoria no banco PanAmericano não foram indiciados pela Polícia Federal, mas deverão ser punidos pelo Banco Central.

O BC tinha aberto um processo específico para apurar supostas irregularidades no trabalho da Deloitte -que não detectou as fraudes que levaram o PanAmericano a um rombo de R$ 4,3 bilhões, em novembro de 2010.

A Folha apurou que as investigações do BC estão praticamente concluídas e deverão resultar na autuação da Deloitte em R$ 500 mil e na inabilitação de pelo menos um dos sócios da auditoria, José Barbosa da Silva Junior, possivelmente por oito anos.

Esse prazo ainda não foi definido pelas autoridades. Ele varia de um dia a 20 anos de afastamento, dependendo da gravidade das infrações.

Osmar Aurélio Lujan, que também foi ouvido pela Polícia Federal, não auditou o balanço de junho de 2010, foco da apuração do BC.

A Deloitte e seus auditores poderão recorrer da decisão do BC, que já baniu 19 ex-integrantes do PanAmericano por gestão fraudulenta, entre outros crimes contra o sistema financeiro.

OMISSÃO

A Deloitte foi investigada por não ter feito ressalvas no balanço do PanAmericano quando encontrou dificuldades para atestar transações envolvendo carteiras de crédito vendidas a outras instituições -primeira irregularidade identificada pelos fiscais do BC que deflagrou a investigação que descobriu as fraudes contábeis.

Para ter certeza de que os negócios entre essas instituições foram feitos, a Deloitte enviou cartas às instituições financeiras compradoras das carteiras do PanAmericano, mas não obteve respostas.

Esse é um procedimento padrão conhecido no mercado como "circularização".

Em sua defesa ao BC, os auditores da Deloitte negaram a acusação de omissão. Eles afirmaram que, como alternativa à falta de respostas dos bancos, escolheram uma amostra das carteiras para buscar informações que comprovassem as transações.

A Folha apurou que o BC não aceitou a defesa e punirá os auditores e a Deloitte.

No processo que baniu ex-diretores e conselheiros do PanAmericano, os integrantes do comitê de auditoria do banco foram afastados do mercado por oito anos. O presidente do comitê ficou inabilitado por dez anos.

Pelas regras, esses profissionais ficam impedidos de exercer atividades em instituições financeiras reguladas pelo BC pelo prazo da condenação até serem esgotados todos os recursos de apelação.

ANTECEDENTES

No passado, a Deloitte já foi investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por não ter feito ressalvas sobre operações envolvendo derivativos cambiais da antiga Aracruz. Os investigados fizeram acordo e pagaram R$ 1 milhão para pôr fim ao processo.

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