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Análise / Agronegócio

O colapso portuário brasileiro é uma tragédia previsível

LUIZ ANTONIO FAYET
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com a mudança geográfica da produção, mais da metade da soja/milho já está nas novas fronteiras, acima do paralelo 15 graus Sul, em regiões deficientes em infraestrutura de transportes.

Por falta de terminais portuários, perto de 30 milhões de toneladas de produtos para exportação são transferidas para portos do Sul/Sudeste, aumentando percursos rodoviários entre 500 e 1.000 quilômetros.

Para transitar da porteira até um porto de exportação, a soja brasileira paga três a quatro vezes mais que na Argentina ou nos EUA, provocando perdas de renda e competitividade.

COMPROMETIMENTO

Estudos oficiais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do TCU (Tribunal de Contas da União) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) ou privados da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) e da Anut (Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga) demonstram que essas carências portuárias comprometem produção, competitividade e expansão das exportações.

Essas contas são somente para soja e milho. É necessário considerar os potenciais dos segmentos sucroenergético, florestal e de carnes.

DEMANDA REPRIMIDA

Há poucos dias, com atraso de seis anos, foram licitados quatro lotes no Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão), para exportar mais 5 milhões de toneladas já na safra 2012/13. Importante, mas muito pouco diante da demanda reprimida.

No último dia 21, em Santos, 32 embarcações estavam atracadas e 53 em espera. Em Paranaguá (PR) havia 16 atracadas e 33 ao largo. Isso representa custos extras em multas e sobre-estadias.

Para a safra 2012/13, o governo deverá concluir a rodovia Cuiabá-Santarém, drenando produções do norte/noroeste de Mato Grosso. Porém, mais uma vez a questão é: para exportar por onde?

O problema portuário, que emperra o crescimento brasileiro, pede uma virada.

Nunca é demais lembrar o papel do agronegócio no desenvolvimento brasileiro: são seus produtos que sofrem menor variabilidade de consumo por serem essenciais, têm conteúdo nacional acima de 90%, sustentam saldos comerciais e contas externas do país, constituem a grande e saudável fábrica de mercado interno, interiorizando a economia e o desenvolvimento social.

LUIZ ANTONIO FAYET é economista e consultor em logística.

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