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Com ameaça de IPI maior, importação de carros despenca

Redução chegou a 39% na comparação de outubro com agosto, último mês de vendas sem a nova alíquota

Números não levam em conta os veículos trazidos do México e do Mercosul, com os quais o Brasil tem acordos

ÁLVARO FAGUNDES
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

A elevação do IPI durou pouco mais de um mês até ser derrubada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas foi o tempo suficiente para reduzir em 39% a importação de carros, excluindo da conta México e Mercosul, que têm acordos com o Brasil.

Essa redução se refere à comparação entre os valores de outubro e agosto, último mês sem o efeito da elevação de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados para veículos com menos de 65% de conteúdo nacional.

Os números divulgados nesta semana pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) apontam ainda que, com isso, a participação desses importados recuou de 48% do total para 32%.

A medida anunciada pelo governo federal para proteger a indústria nacional em 15 de setembro passou a valer no dia seguinte, mas acabou sendo adiada -para dezembro- por determinação do STF em 20 de outubro.

Por isso, a mudança teve reflexo na programação de pedidos de importadores de marcas sem fábrica no Brasil e também das montadoras instaladas no país que trazem carros das unidades na Argentina e no México isentos do Imposto de Importação.

A Fiat, por exemplo, importa da Argentina o Siena. A GM traz o Agile do país vizinho e a Cap­tiva do México. O Focus e a Ranger, da Ford, vêm da Ar­gentina. Já o Fusion, do México. Na Volkswagen, o Amarok vem da Argentina, e o Jetta, do México.

Não há dados que possibilitem uma análise por modelo, mas uma das hipóteses é que parte dos importados asiáticos, principais alvos da medida, tenha sido substituída por carros trazidos de países com acordos automotivos com o Brasil.

As montadoras chinesas e sul-coreanas estão entre as que mais sofreram com o anúncio da mudança tributária. A importação de automóveis da China recuou 84%, enquanto a de veículos da Coreia do Sul recuou 43%.

Para Ayrton Fontes, especializado no segmento de varejo automotivo, só no próximo ano será possível avaliar todos os efeitos da medida.

O consultor destaca ainda que, agora, "todo mundo está com o freio de mão puxado", tentando mensurar os efeitos da crise internacional e outra variável importante para o setor: a decisão do Banco Central de remover neste mês a maior parte das medidas adotadas no fim de 2010 para restringir a oferta de crédito ao consumidor.

PRAZO DE SUPRIMENTO

Na opinião de Luiz Carlos Mello, coordenador do Centro de Estudos Automotivos, também é preciso levar em conta "o prazo de suprimento", já que há uma grande diferença entre o tempo decorrido entre o pedido e a chegada dos automóveis que vêm da América Latina e dos que vêm da Europa e da Ásia.

Procurados, os ministérios do Desenvolvimento e da Fazenda não se pronunciaram. Anfavea (associação de montadoras com fábrica no Brasil) e Abeiva (associação de importadores) também não comentaram os dados.

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