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BC deve elevar mais o juro de olho no dólar
Copom aponta riscos de efeitos do câmbio sobre a inflação e indica que continuará a aumentar a taxa básica
Na semana passada, comitê aumentou a Selic pela terceira vez consecutiva, para 8,5% ao ano
O Banco Central está preocupado com o efeito da alta do dólar sobre a inflação e vai continuar a elevar os juros para tentar reduzir esse impacto sobre os preços, segundo a ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada ontem.
No documento, o BC reconhece que a desvalorização do real "constitui fonte de pressão inflacionária em prazos mais curtos".
O Copom ressalta que o impacto desse aumento do dólar em prazos mais longos "pode e deve ser limitado pela adequada condução da política monetária", ou seja, pelo aumento dos juros.
Neste ano, o dólar acumula alta de 8,5%.
"O Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso", afirmou o BC no documento.
A sinalização clara de que a taxa básica de juros continuará a subir foi dada a despeito da avaliação, também feita pelos diretores do banco no documento, de que o ritmo de retomada da economia pode ser limitado pela queda da confiança de empresários e consumidores.
Na semana passada, os juros foram elevados em mais 0,5 ponto, para 8,5% ao ano. Foi a terceira elevação consecutiva da taxa Selic.
A promessa do presidente do banco, Alexandre Tombini, é entregar a inflação de 2013 abaixo da do ano passado (5,84%).
Em junho, o índice oficial de inflação IPCA atingiu 6,7% no acumulado em 12 meses --acima do teto da meta do governo, de 6,5%.
Um dos principais riscos para que a promessa de Tombini não se cumpra vem do câmbio.
"O Banco Central manifestou uma preocupação a mais com o câmbio, indicando que uma desvalorização maior levaria a um ciclo mais longo de alta dos juros", afirmou o economista-chefe da Sul- América Investimentos, Newton Rosa.
"Mas acredito que o dólar vá se estabilizar e por isso mantive a projeção de juros em 9,25%", acrescentou.
RESISTÊNCIA
O Copom reafirmou que "o nível elevado de inflação e a dispersão de aumentos de preços --a exemplo dos recentemente observados-- contribuem para que a inflação mostre resistência".
O BC informou ter elevado sua projeção para a inflação em 2104, que já estava acima do centro da meta de 4,5%.
Anteontem, a presidente Dilma Rousseff afirmou "ter certeza" que a inflação fechará o ano dentro da meta do governo, numa referência ao teto de 6,5%, e que era um "desrespeito aos dados" falar em descontrole.