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Cifras & letras

CRÍTICA DESENVOLVIMENTo

Obra analisa dificuldades do país para engatar crescimento

Baixa eficiência da economia é vista como principal freio para desenvolvimento

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

Por que o enorme potencial de desenvolvimento do Brasil, reconhecido há longa data, não se converteu em realidade?

Por que após a fase de bonança entre 1950 e 1980, a expansão da renda brasileira voltou a patinar?

Em 2012, a renda per capita brasileira medida em paridade do poder de compra (PPP, medida que elimina as diferenças de custo de vida entre países) equivalia a 24% da norte-americana.

Trata-se de uma fatia menor do que os 30% atingidos em 1980, após três décadas de crescimento robusto da economia brasileira.

O livro "Desenvolvimento Econômico --uma Perspectiva Brasileira" (ed. Campus/Elsevier), organizado pelos economistas Fernando Veloso, Pedro Cavalcanti Ferreira, Fabio Giambiagi e Samuel Pessôa, combina em 15 capítulos teoria, história e evidências práticas que indicam as respostas a essas perguntas.

A principal conclusão que emerge da leitura é que a baixa eficiência da economia tem atuado como principal freio do desenvolvimento brasileiro ao longo da história.

PRODUTIVIDADE

A primeira parte do trabalho, que tenta transmitir uma perspectiva teórica e comparada do desenvolvimento econômico dos países, já fornece elementos que apontam para esse fato.

Os autores ressaltam a importância da produtividade total dos fatores (PTF), que mede a eficiência com que tecnologia, capital humano e máquinas são combinados e utilizados na produção, para explicar as diferenças de renda entre os países.

A história do desenvolvimento mostra que os países podem ter períodos de forte expansão da PTF, como, por exemplo, quando há migração do centro da atividade econômica da agricultura para a indústria (setor mais produtivo que os demais), mas também revela a importância da qualidade das instituições para garantir que essas fases não passem de surtos, sem sustentação no longo prazo.

A segunda parte do livro ataca essas questões em diferentes períodos da história. O Brasil teve uma das recuperações mais rápidas após a crise internacional de 1930.

Porém, a trajetória de desenvolvimento tem sido errática, marcada pela repetição de políticas que, com base na análise de experiências passadas, acabaram se mostrando equivocadas.

Os autores citam medidas tomadas no início da ditadura militar que envolveram forte ajuste fiscal com corte de gastos, reforma tributária, criação do Banco Central e redesenho do sistema financeiro, que contribuíram para o forte crescimento caracterizado como "milagre econômico" entre 1967 e 1973. Porém, a reversão de parte das medidas de austeridade e a retomada de políticas pesadas de substituição de importações e fomento a investimentos industriais contribuíram para nova derrocada do processo de desenvolvimento do país.

No início da década de 1990, houve novo movimento de reformas, como a abertura comercial e a política de controle da escalada inflacionária, que contribuíram para interromper o processo de queda da renda per capita e da produtividade. A falta de políticas indutoras do aumento da eficiência tem feito, no entanto, com que o desenvolvimento do Brasil ocorra a ritmo lento.

ESTRATÉGIAS

Texto do economista Maurício Canêdo-Pinheiro mostra que o Brasil adotou ferramentas de política industrial semelhantes às usadas em países bem-sucedidos como a Coreia do Sul, mas tem falhado na adoção de mecanismos de incentivos e punições baseados na adoção de metas que induzam as empresas a perseguir, de fato, maiores ganhos de eficiência.

Embora o livro não enverede pelo caminho de projeções, dá pistas de que políticas adotadas nos últimos anos, como forte intervenção do Estado na economia e pesadas políticas industriais que podem atrapalhar o acesso do país a tecnologias mais avançadas produzidas fora podem representar repetições de erros do passado.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO -- UMA PERSPECTIVA BRASILEIRA
AUTORES Fernando Veloso, Pedro Cavalcanti Ferreira, Fabio Giambiagi e Samuel Pessôa (orgs.)
EDITORA Campus/Elsevier
QUANTO R$ 89,90 (504 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo


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