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Vinicius Torres Freire

A luz do emprego piscou

Apesar da ótima situação do mercado de trabalho, dados de junho levantam debate sobre 'fim de ciclo'

A SITUAÇÃO do emprego é a última carta boa na mão de Dilma Rousseff. Ainda é. Os números de ontem do IBGE, no entanto, suscitaram debates sobre a sorte da presidente nas próximas rodadas.

O desemprego continua muito baixo, mas subiu "fora de época". A indústria demite durante a temporada de contratações. O nível de emprego cresce cada vez mais devagar desde o fim de 2012, tendo aumentado em junho menos do que a população em idade de trabalhar. Na média, os salários ainda sobem além do crescimento da produtividade (bem além), mas em ritmo cada vez menor.

Além dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, sabemos também que a confiança do empresário vai mal das pernas. Os estoques da indústria crescem faz três meses (dado da Confederação Nacional da Indústria para junho). Os trabalhadores relatam cada vez mais dificuldades de arrumar emprego (dado da FGV). O emprego industrial diminui em São Paulo em meados do ano (segundo a Fiesp). Os governos, com menos dinheiro, tendem a contratar menos neste ano e em 2014, mesmo com eleição pela frente.

O setor de serviços começa a apanhar devido ao aumento menor da renda real e ao endividamento das famílias.

Há economista a dizer que também o "ciclo do emprego" começou a virar nesta metade do ano. Uns outros acreditam que os dados recentes sobre emprego, confiança e muito mais estão distorcidos ou "cheios de ruído" devido às manifestações de junho e à balançada feia nos mercados financeiros no mundo inteiro, em especial aqui.

Enfim, há aqueles que preferem enfatizar os dados mais objetivos à mão: a economia vai crescer mais em 2013 do que no ano passado. Sim, apesar do (justificado) pessimismo, o Brasil deve crescer pelo menos o dobro neste ano (1,8%); com muita sorte, pode crescer até o triplo de 2012 (2,7%). Difícil, pois, haver piora séria no emprego.

Pode-se argumentar que o mercado de trabalho tem andado esquisito no Brasil dos últimos três anos, por aí. O desemprego baixou ao piso histórico quando a economia deixava para trás o melhor ciclo de crescimento em 30 anos.

Pode bem ser que, convencidos das expectativas medíocres (embora melhores) para os próximos dois anos, empresários comecem, enfim, a demitir. Até aqui, estavam "represando" empregados na expectativa da retomada econômica.

Dados econômicos de apenas um mês não fazem verão, nem inverno. Vai ser preciso esperar pelo menos até agosto ou setembro para tirar a fumaça dos protestos de junho da frente dos dados e, também, para confirmar tendências de emprego na indústria. Até lá, o debate vai ser meio especulativo.

Politicamente, o risco de piora no mercado de trabalho empurra o governo federal contra a parede. O governo está sem instrumentos para tentar dar uma sacudida na economia; aliás, o Banco Central age para esfriar a produção.

Não há fonte de estímulo outro à vista. Mesmo que sejam um sucesso, as concessões de infraestrutura teriam efeitos práticos (obras em andamento) apenas em 2014. Da economia mundial podem vir é mais problemas. Das ruas, pode vir outra rodada de protestos, no 7 de Setembro.

A Dilma, só resta agora torcer por um carta boa.

vinit@uol.com.br


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