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Despenca crédito da China para América Latina

Passado o boom do petróleo na região em 2010 e 2011, Pequim está mais avessa ao risco

LUCIANA COELHO EDITORA-ADJUNTA DE "MERCADO"

As linhas de crédito da China para a América Latina caíram vertiginosamente em 2012, após anos de expansão nos quais Pequim consolidou sua influência na região, aponta um levantamento divulgado pelo centro de estudos Inter-American Dialogue.

Segundo o banco de dados, atualizado na semana passada, houve recuo de 61% no volume das linhas em relação a 2011 e de 81,6% ante 2010.

Especialistas ouvidos pela Folha citam três razões para o recuo: 1) 2010 e 2011 foram excepcionais graças ao boom petroleiro na região; 2) parte das linhas não se esgotou; e 3) Pequim está mais reticente a riscos sociais e políticos.

Isso é verdade sobretudo na Venezuela, diz Margaret Myers, diretora do Programa de China e América Latina no Inter-American Dialogue.

"A China está mais atenta ao risco", disse Myers à Folha. "As publicações chinesas têm destacado as empresas nas quais não investir, o ambiente político, coisas que não consideravam antes."

A Venezuela é o maior alvo das linhas, com US$ 44,5 bilhões, seguida pelo Brasil, com US$ 12,1 bilhões (não há, porém, registro de crédito chinês para o país em 2012).

Para toda a região, desde 2005, quando começa a compilação, foram US$ 87 bilhões em compromissos de empréstimo a governos e empresas. É mais que o PIB do Equador.

EXPORTANDO O MODELO

Em 2012, as instituições chinesas cederam US$ 6,8 bilhões à América Latina, muitas vezes tomando commodities de garantia para reduzir o risco de calote. Os maiores concessores foram o Banco de Desenvolvimento da China, que abriu 79% das linhas, e o Ex-Im Bank chinês (9%).

O primeiro, segundo Myers e Kevin Gallagher, principal autor do estudo, age com relativa autonomia e foca a expansão de sua ação global.

O meio para isso lembra a atuação chinesa na África: baixar exigências e operar em países com menor acesso a financiadores tradicionais. Na Venezuela e no Equador, o crédito chinês superou, de 2005 a 2012, o do Banco Mundial e o do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

"A China tem essa nova política para internacionalizar suas empresas e seus bancos, e estas são grandes oportunidades", diz Gallagher, que leciona relações internacionais na Universidade de Boston.

Já o Ex-Im Bank atua em maior coordenação com o governo central em Pequim.

O avanço serve também para expandir a influência chinesa e exportar seu modelo de desenvolvimento, com base na industrialização. Os setores beneficiados (energia, siderurgia, infraestrutura) deixam claro o intuito.

A política de crédito ainda alimenta a demanda chinesa por commodities e impulsiona suas exportações e seu mercado de trabalho, ao impor contratos casados ao uso de máquinas e empresas chinesas nas obras financiadas.

Apesar do recuo, Myers e Gallagher não preveem que a desaceleração chinesa mude a ação dos bancos de Pequim na América Latina --Gallagher estima US$ 9,3 bilhões em novas linhas neste ano.

"O impacto é na demanda por commodities", diz Myers.

"No crédito e no investimento, há a crença de que haverá menos oportunidades de investimento doméstico na China, o que pode fazer o CDB olhar mais para fora."


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