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BNDES assume risco político em nova linha

O Exim Automático mira a exportação de produtos industriais de alto valor; foco é a África e a América do Sul

Total negociado já chega a US$ 1 bilhão; testes começaram neste ano, em países vizinhos como a Argentina

CLAUDIA ANTUNES
PEDRO SOARES
DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) trabalha para ampliar na África e na América do Sul um novo tipo de linha de crédito que visa estimular a exportação de produtos industriais de valor alto, como máquinas e equipamentos elétricos e agrícolas.

Na modalidade (Exim Automático), o BNDES trabalha com bancos com sede no país do importador. Assume os riscos comerciais dessas instituições parceiras -até mesmo de falência- e os riscos políticos representados por eventuais crises e moratórias de dívida daqueles países.

O Exim Automático começou a ser testado no início deste ano em países vizinhos, como a Argentina. O total das linhas negociadas já atinge US$ 1 bilhão.

A meta é ampliar a participação dos bens de capital nas exportações. Nos últimos anos, produtos industriais perderam espaço nas vendas externas para commodities como soja e ferro.

Funciona da seguinte forma: o banco local financia ao importador a compra de um produto brasileiro, com prazo de pagamento de até cinco anos.

No Brasil, o BNDES paga à vista o valor ao exportador. Depois, o banco parceiro repaga à instituição estatal brasileira, no mesmo prazo concedido a seu cliente.

O valor das linhas de crédito abertas em cada caso depende da análise de risco do banco parceiro e do país-alvo da operação.

"O importante no apoio à comercialização é que o exportador recebe o valor integral da venda à vista. O recurso não precisa circular pela conta do comprador. O que ele quer é prazo longo para pagar, além de condições financeiras atrativas", diz Leonardo Pereira, chefe do Departamento de Comércio Exterior do BNDES.

Além da Libor (taxa do mercado interbancário internacional), o BNDES cobra juros diferenciados para cada caso. O banco local cobra do cliente sua própria taxa. "Oferecemos taxas que têm o mesmo padrão das taxas oferecidas por outras instituições no exterior", diz Pereira.

O Exim Automático já fechou acordos com parceiros na América Latina -maior mercado para a indústria brasileira- e começa a entrar na África, onde uma linha foi fechada na Nigéria e outras são negociadas em Angola, em Moçambique e também na África do Sul.

Entre os parceiros que já dispõem do novo tipo de linha estão subsidiárias de bancos brasileiros, como BB, Bradesco e Itaú, instituições internacionais, como Santander e HSBC, e bancos locais, como o NBC do Uruguai.

"É uma modalidade voltada para o importador local, já que o diferencial é o relacionamento com o banco que já está em dado país", diz Luciene Machado, superintendente de Comércio Exterior do BNDES. Segundo ela, 50 vendas foram fechadas pelo Exim Automático.

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