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Análise

Integrar produtor e consumidor mundiais é meta de globalização 2.0

Nova fase da globalização pode propiciar imensos benefícios para a economia mundial

JEAN PISANI-FERRY ESPECIAL PARA O PROJECT SYNDICATE

Cinco anos se passaram desde que o colapso do Lehman Brothers deflagrou o caos financeiro e marcou o início da Grande Recessão.

Ainda que a poeira talvez não tenha assentado por completo, três palavras-chave resumem o que aprendemos-- e o que resta a fazer.

A primeira palavra é resistência. Cinco anos atrás, muita gente temia uma repetição da Grande Depressão dos anos 30. O mundo evitou uma repetição principalmente porque, agora, não houve uma crise financeira global.

O que ocorreu em 2008 foi uma crise norte-americana que contaminou a Europa, já que os dois sistemas financeiros estavam quase que completamente integrados. O resto do mundo, porém, ficou em larga medida imune.

A China e outros países emergentes sofreram um severo choque de demanda que afetou suas exportações, mas não turbulência financeira. A recuperação demonstrou que a economia mundial tinha mais de um propulsor. Isso deu aos EUA o tempo necessário para se recuperar e até tornou possível que a Europa experimentasse sua crise sem deflagrar uma desaceleração generalizada.

A segunda palavra que caracteriza os cinco anos passados é aceleração. Em 2008, todo mundo sabia que a ascensão dos países emergentes e em desenvolvimento estava redesenhando o mapa da economia mundial. Mas acreditava-se que essa seria uma tendência gradual e de longo prazo. Na realidade, o que deveria demorar uma ou duas décadas aconteceu em apenas cinco anos.

A terceira palavra-chave é reequilíbrio. A globalização 1.0 foi construída em torno de consumidores norte-americanos e produtores chineses. A próxima fase terá de ser feita em torno de consumidores e produtores de todo o mundo.

Segundo a Brookings Institution, hoje em dia há 700 milhões de pessoas a mais no mundo com entre US$ 10 e US$ 100 para gastar ao dia do que existiam em 2003.

Além disso, o que eles definem como classe média mundial deve se expandir em mais 1,3 bilhão de pessoas nos dez próximos anos. Assim, existe potencial óbvio para uma mudança importante de equilíbrio, na direção do crescimento propelido pelo consumo, nos países emergentes e desenvolvidos.

Essa nova fase da globalização pode propiciar imensos benefícios para a economia mundial. Ela significa mais bem-estar para os domicílios dos países em desenvolvimento e oportunidade para maior número de produtores nos países ricos.

Essa aceleração das mudanças no equilíbrio mundial de poderio econômico e financeiro é motivo de reflexão. Mas o desafio restante de reequilibrar a demanda continua sério. Até que conquistemos mais progresso quanto a ele, será cedo demais para cantar vitória.


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