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Vinicius Torres Freire

Não é a economia, seu burro

Desempenho da economia parece um para a elite, outro para a maioria; deve ter menos efeito político

OS ECONOMISTAS do Banco Itaú Unibanco revisaram suas estimativas de crescimento brasileiro neste ano, de 2,3% para 2,1%. Para o ano que vem, ficaram na mesma: 1,7%. Não mais do que isso rendeu o positivo porém extravagante PIBão do segundo trimestre.

Ainda que a média dos nossos economistas volte a chutar bolas tão fora quanto na previsão do crescimento do segundo trimestre, é difícil que o país cresça mais que 2,7% neste 2013.

2014 está longe. Apenas vamos ter dados decentes para chutes bem dados lá por maio. Ainda assim, com juros em alta, consumidores e empresários teimando em confiar no futuro, incertezas sobre juros nos EUA e as que podem advir de uma eleição presidencial talvez dura no Brasil, é mesmo difícil ficar animado.

Isto posto, o que o desempenho da economia pode indicar a respeito das sortes políticas de 2014? Menos ainda do que de costume, excluídos anos de desastres recessivos.

O desempenho geral da economia, medido pela variação do PIB, nos diz pouco. Menos ainda nesses últimos anos, em que o consumo cresceu muito, demais, e o PIB terá variado uns 2% ao ano (governo Dilma até este ano).

Comparações com o mau desempenho dos anos FHC não têm cabimento, no que diz respeito a possíveis influências na disputa eleitoral. Na década passada, o padrão de vida médio cresceu, é um tico mais bem distribuído e há amortecedores diversos, ainda que modestos, para os infortúnios da vida no mercado: mais rendas mínimas, mais seguro-desemprego etc.

Além do mais, não houve nos anos petistas algo que vamos chamar improvisadamente de "grande ruptura" ruptura econômica ou do pacto socioeconômico tácito.

Não houve uma desvalorização do real politicamente danosa, como a de 1999 (logo após a eleição, sob promessas de que tal coisa não ocorreria). Foi então que a popularidade de FHC caiu para não levantar significativamente, mesmo com o bom ano de 2000. O racionamento de energia de 2001 foi o golpe final no prestígio econômico e político do PSDB de então. Do ponto de vista popular, o governo tucano não entregou mais do que a inflação baixa.

Não importa aqui se para o bem ou para o mal, irresponsavelmente ou não, os governos petistas mantiveram o seu "pacto social". Mantiveram a expansão das rendas mínimas, de programas para pobres (do ProUni ao microcrédito, passando pelo Minha Casa, Minha Vida). Não revisaram o pacto de aumento do salário mínimo e, também por sorte demográfica e excessos, o desemprego é muito baixo.

No que diz respeito a rendas do trabalho e de transferências do governo, a situação não é lá muito diferente da de 2010. Apenas neste 2013 a renda do trabalho começa a ratear, assim como a criação de empregos e o consumo (desconsiderado o choque de 2008-09).

A queda no ritmo de aumento de renda, consumo e emprego vai causar avarias adicionais em Dilma? Note-se, a julgar pelas pesquisas pré e pós protestos de junho, que o problema popular com o governo não parecia bem econômico.

Não importa se a administração da economia foi ruim. Dadas as pesquisas de satisfação material e a novidade do surto de junho, uma conversa econômica vai colar menos que de costume em 2014.

vinit@uol.com.br


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