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Abilio Diniz abre mão do conselho do Pão de Açúcar

Saída encerra uma das mais ruidosas disputas societárias do país, com grupo Casino, que se arrastava desde 2011

Em troca de antecipar seu desligamento, empresário obteve melhores condições em negociação com ex-sócio

RAQUEL LANDIM TONI SCIARRETTA CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

O empresário Abilio Diniz deixou a presidência do conselho do Pão de Açúcar, empresa fundada por seu pai.

A saída, anunciada um dia antes de a empresa completar 65 anos, coloca um ponto final na disputa com o sócio francês Casino, uma das histórias mais ruidosas do país.

Abilio, cuja imagem pública se confundia com o Pão de Açúcar, torna-se agora apenas mais um acionista e passa a se dedicar à presidência do conselho da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão.

O armistício entre Abilio e Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, foi selado ontem, em Paris, com a ajuda de William Ury, professor de Harvard e especialista em solução de conflitos (leia texto abaixo).

"É com emoção que renuncio. Vamos virar a página e tocar para a frente", disse Abilio, em entrevista, da qual Naouri não participou.

O acordo selado tem três pontos: a saída de Abilio da presidência do conselho, a revogação do acordo de acionistas e o fim da holding Wilkes e a desistência de todas as disputas judiciais.

Para acelerar em menos de um ano sua saída, Abilio melhorou as condições de troca de ações ON (com direito a voto) em PN (sem direito a voto) e acabou com a cláusula de não competição.

Em vez do desconto de 0,91 ON por 1 PN previsto, a troca de ações foi de 1 para 1. O negócio rendeu 7% de ações PN do Pão de Açúcar ao empresário. A fatia de Abilio agora é de 8,5%.

A briga entre Abilio e Naouri se arrasta desde 2011, quando o brasileiro tentou comprar as operações do Carrefour no Brasil. A estratégia impediria que os franceses assumissem o controle do Pão de Açúcar em 2012.

A operação enfureceu o Casino, que alegou quebra de contrato e recorreu à arbitragem internacional. A repercussão foi negativa, e o BNDES, que considerava financiar o negócio, desistiu.

DETONADORES

Além de dois anos de conflito, a presença de Abilio nos conselhos do Pão de Açúcar (maior rede varejista) e na BRF (maior produtora de alimentos processados) começou a gerar dúvidas sobre conflito de interesses.

O empresário fez uma consulta espontânea ao Cade, órgão de defesa da concorrência, e foi surpreendido com o volume de questionamentos do órgão, que indicaria um parecer negativo.

Questionado sobre o assunto, Abilio disse que "o Cade não foi um problema".

Os dois lados também quiseram evitar "lavar roupa suja" em público.

A partir da próxima semana, começariam as audiências do processo de arbitragem movido pelo Casino.

Segundo a Folha apurou, Abilio temia criar constrangimentos para o governo, já que o BNDES esteve envolvido no episódio. Em duas décadas, a empresa comandada por Abilio foi do fundo do poço à liderança do varejo no país. Nos anos 1980, demitiu 20 mil funcionários e fechou lojas. Em 1999, o Casino entrou na empresa e, em 2000, o Pão de Açúcar se tornou líder.


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