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Comércio perde força e Nordeste fecha vaga pela 1ª vez em 10 anos

Desaceleração nos serviços e na construção também ajuda a explicar saldo de 8.652 postos perdidos até julho

Setor que mais perdeu vagas foi a indústria, mas isso geralmente ocorre na região devido à entressafra da cana

MARIANA SCHREIBER DE BRASÍLIA

A piora do mercado de trabalho neste ano atingiu com mais força o Nordeste. De janeiro a julho, a região fechou 8.652 vagas formais, o primeiro saldo negativo desde 2003, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

No mesmo período de 2012, 58,9 mil postos com carteira assinada foram criados. A geração de emprego também perdeu força no resto do país, mas o saldo nas demais regiões segue positivo em 2013.

O setor que mais desempregou no Nordeste foi a indústria, principalmente por causa da entressafra da cana, que afeta a produção de açúcar e álcool.

Isso ocorre todos os anos, o problema é que desta vez outros setores também demitiram ou geraram vagas insuficientes para compensar esse fenômeno, diz a economista Milena Prado, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Recife.

Em toda a região, a diferença líquida entre contrações e demissões mostra o fechamento de 9.038 vagas formais no comércio e de 1.447 na agropecuária. Já o setor de serviços e o de construção continuaram gerando vagas, mas em quantidade bem menor que em 2012.

Segundo Prado, a agropecuária vem sofrendo com a seca prolongada, o que reduz a renda da população, atrapalhando o comércio.

Além disso, outros fatores estão afetando o varejo no país e têm especial influência sobre o Nordeste, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central.

A inflação alta dos alimentos, o elevado endividamento das famílias e o crescimento menor do salário mínimo neste ano limitaram a expansão do consumo, principalmente entre as classes de renda mais baixas, afirma.

"Vendas fracas batem direto no emprego. Como os trabalhadores do comércio são menos qualificados, as empresas demitem rapidamente e recontratam depois."

Já a construção civil continuou gerando vagas neste ano, mas a criação de postos caiu 65% em relação aos primeiros sete meses de 2012.

Houve desemprego em cinco Estados, como Maranhão e Pernambuco. Segundo representantes dos trabalhadores e das empresas do setor nos dois Estados, houve fechamento de vagas tanto por causa do avanço de grandes obras como por atraso.

No caso de Pernambuco, uma das origens das demissões, dizem, foi o término da fase de construção mais pesada da refinaria Abreu Lima, da Petrobras.

Por outro lado, obras da ferrovia Transnordestina e da transposição do rio São Francisco seguem em ritmo lento.

"As obras do PAC [programa de obras do governo federal] estão diminuindo ou paradas. Há promessas, mas não há obras novas", disse Aldo Amaral, que representa os trabalhadores da construção pesada de Pernambuco.

No Maranhão, o setor imobiliário está demitindo, diz Claudio Calsavara, que representa a indústria local. Segundo ele, o estoque de imóveis aumentou porque a demanda não acompanhou a expansão recente das construções.

Além disso, diz José Belo, da indústria de construção pesada, houve demissões com o término da terraplanagem da refinaria Premium, da Petrobras. Não há previsão para a próxima fase das obras. Procurada, a Petrobras não respondeu ao questionamento.


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