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'Estímulo para a pesquisa vem com redução de tributo'

Médico vê no Leste Europeu exemplo de uso de pesquisa para resolver problema de falta de orçamento contra doença

Brasileiro afirma que fazer pesquisa no Brasil é mais caro do que em qualqueroutro lugar do mundo

DO ARTICULISTA DA FOLHA

Nesta parte da entrevista, o médico carioca Rogério Vivaldi diz que os dois pilares para o estímulo à pesquisa são redução de impostos e maior tempo de exclusividade de produtos no mercado.

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Do ponto de vista da legislação, o estímulo para a pesquisa...

Estimula com o quê? Estimula com impostos e com maior tempo de exclusividade no mercado. São os dois grandes pilares.

E a lei de drogas órfãs não existe apenas nos Estados Unidos. Foi promulgada na Europa, no Japão e na Austrália.

E as outras doenças?

Para algumas doenças negligenciadas [males tropicais como Chagas ou dengue], você precisa ter também uma certa contrapartida. "Ok, você quer se beneficiar do meu mercado", pois é muito bom o mercado brasileiro, "então o que você vai dar em troca para essas doenças em que precisamos de mais pesquisa?". Contrapartida. Eu não veria nenhum problema.

"Ah, Rogério, vocês trabalham com doenças raras, mas vocês têm de destinar tantos por cento para essas doenças."

Sem problema. É melhor isso do que a burocracia.

Você citou a Ucrânia. Como é lá?

Todos os países do Leste Europeu viram nas pesquisas uma forma de, primeiro, resolver o problema de não ter orçamento para combater várias doenças. Então, a pesquisa clínica vai ajudá-los a tratar dos doentes.

Segundo, vai levar investimento para universidades que demandam mais orçamento do governo e que eles não têm. Acontece com a Ucrânia, com a Rússia.

Existem outros modelos de pesquisa aplicada? A China tem alternativas? A Índia?

O mercado asiático, até pelas características genéticas, sempre foi visto como lugar à parte, em que você faz pesquisas locais -e menos pesquisas globais.

Há duas linhas no mercado asiático. Primeiro, no Japão, você não aprova nenhum produto se não tem pesquisa local, ponto. Não existe isso. É um outro mecanismo, aí não de incentivo.

"Tudo bem, você quer aproveitar esse excepcional mercado, então investe em pesquisa." A Genzyme Japão abriu dez anos antes de ter qualquer produto comercial. Preparou o caminho. Hoje o Japão é o segundo maior mercado da Genzyme.

E a segunda linha?

Estamos agora tentando na China e na Índia. É óbvio que é mais complicado, porque são tão grandes que, se tentar o mercado inteiro, acaba se perdendo. A gente está procurando localizar, com alguns centros na Índia, alguns na China.

Você está otimista com a perspectiva no Brasil, apesar da burocracia?

Estou começando a ver mais discussão. Os problemas estão claros. Eles não querem perder a partida e, se continuar assim, vão perder. Para mim, é mais caro fazer pesquisa no Brasil do que em qualquer outro lugar no mundo. Além de mais caro, é mais demorado.

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