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Empreiteiras se reúnem com governo e levam 'pito'
Após fiasco do leilão da BR-262, os dois lados prometem ampliar diálogo
Empresas negam conluio para 'melar' concessão, mas cobram ajustes para evitar desinteresse em trechos futuros
As cinco maiores empreiteiras do país fizeram reunião de emergência anteontem com a Casa Civil para tentar desanuviar o clima de desconfiança mútua entre governo e empresários e evitar o travamento do programa de concessão de rodovias,.
A ministra-chefe da pasta, Gleisi Hoffmann, recebeu representantes de Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão, que também se encontraram com representantes do Ministério da Fazenda.
O encontro foi duro, segundo a Folha apurou, mas terminou com a promessa de ampliar o diálogo.
De um lado, empresários disseram ao governo que, após o fracasso do leilão da BR-262 (MG-ES), há riscos de também não haver interessados na BR-101 (BA), próximo trecho a ser concedido.
Do lado do governo, houve críticas de que as empresas agiram motivadas politicamente e em conluio, visando proteger seus lucros. "Viemos aqui para receber o pito", disse um dos empresários durante a reunião.
No encontro, as empresas negaram ter agido conjuntamente para "melar" a concessão. Entretanto, cobraram ajustes para evitar desinteresse sobre trechos futuros.
"Vocês acham que a gente fica aqui conspirando para prejudicar vocês? Que somos contra a iniciativa privada? Errado. Queremos garantir os ganhos a vocês, mas também um pedágio que a população e os negócios de muitos de vocês possam pagar", respondeu a ministra em diálogo reproduzido por um interlocutor do lado privado.
A reunião ocorreu no mesmo dia do leilão bem-sucedido da BR-050 --em que as grandes empreiteiras não entraram no consórcio vencedor.
Segundo a Folha apurou, o Executivo fará ajustes e deve lançar um novo edital da 262 até a semana que vem. A expectativa é que, desta vez, o leilão não dê "vazio".
Ontem houve novas reuniões de empresários e governo, e hoje deverá haver um encontro de ministros com a presidente Dilma para determinar os próximos passos do programa de concessões.