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Empresários pressionam por teto maior para Minha Casa
Setor imobiliário quer também reajustes periódicos em faixas do programa
Limite em grandes cidades é para imóveis de até R$ 190 mil; para diretora, mercado deve buscar outras opções
Entidades e empresários do setor de construção civil pressionam o governo federal a aumentar os limites de faixa de renda do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e estabelecer correções periódicas para dar maior previsibilidade aos investidores.
Para eles, com a alta no preço dos imóveis em cidades como São Paulo, Rio e Brasília, o subsídio feito para compradores de imóveis de até R$ 190 mil nas grandes cidades ficou defasado.
Sergio Watanabe, vice-presidente do SindusCon-SP (sindicato da construção), diz que o governo deve estabelecer critérios de correção porque, com as eleições presidenciais em 2014, os investidores vão questionar "o que será do Minha Casa".
"Sem previsão de preço e sem saber se o programa continuará ou não, nenhum investidor vai dar continuidade a um projeto de bairro planejado", afirmou Watanabe.
As demandas foram feitas ontem à diretora do departamento de produção habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, Maria do Carmo Avesani, durante debate com representantes do setor financeiro e imobiliário na sede do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário).
Outro ponto de atrito é que a faixa 1 do programa, segundo eles, tornou-se a prioridade do governo.
Nesse caso, o subsídio costuma ser de mais de 90% do valor do imóvel, cujos preços, porém, não podem ultrapassar R$ 76 mil. A faixa 1 foi responsável por cerca de 20% das contratações em 2011 e, nos nove primeiros meses de 2013, ficou em torno de 60%.
Para os empresários, com a ausência de correção nos limites, cria-se dificuldade para atender à faixa 2, voltada a quem ganha de R$ 1.601 a R$ 3.275. Apesar de contarem com possibilidade de obter subsídio, não teriam renda suficiente para financiar o imóvel, afirmam.
Segundo Maria do Carmo, o governo não deixou de atender à faixa 2. Ela diz que o assunto deverá ser debatido, mas que cabe ao mercado privado buscar alternativas "construtivas" e áreas com terrenos mais baratos nas grandes cidades, para adequar os preços dos imóveis aos limites do programa.
"Claro que o mercado se aqueceu, mas isso não quer dizer que o governo tem condições de aumentar subsídio de maneira a acompanhar a valorização imobiliária."
Outra demanda dos empresários é transformar o programa em política de Estado, para garantir sua sequência. "Sem clareza para o futuro nós continuaremos no artesanato", disse Watanabe.
O programa contratou, desde 2009, a construção de 2,9 milhões de residências no país e entregou 1,3 milhão.