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CVM apura vazamento em negócio da Caixa

Ex-presidente do PanAmericano é suspeito de ter repassado informação sobre acordo com o banco público

Volume de transações com ações do banco triplicou três meses antes da venda; MPF também apura o caso

FLÁVIO FERREIRA
JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investiga o possível vazamento de informação privilegiada na venda de 36% do Banco PanAmericano para a Caixa Econômica Federal.

O negócio de R$ 739 milhões demorou quase um ano para sair e salvou da quebra o banco de Silvio Santos em dezembro de 2009.

A investigação da CVM ocorre a pedido do procurador Rodrigo Fraga, do Ministério Público Federal em São Paulo. Ele suspeita que o ex-presidente do PanAmericano, Rafael Palladino, tenha beneficiado "pessoas próximas" que teriam obtido ganhos investindo em papéis do banco sabendo, de antemão, do andamento do negócio.

A CVM identificou movimentações atípicas das ações do PanAmericano a partir de agosto de 2009, quando as negociações para o acordo estavam avançadas.

O que mais chamou a atenção das autoridades foi o súbito aumento do volume de negócios em agosto de 2009, três meses antes de a Caixa bater o martelo.

Naquele mês, a média diária de transações chegou a triplicar ­-saltou de R$ 2,3 milhões para mais de R$ 7,2 milhões. A média mensal passou de R$ 51 milhões para

R$ 151 milhões, segundo registros da BM&FBovespa.

Às vésperas do anúncio da operação, ocorrido em 1º de dezembro de 2009, o volume de transações voltou a disparar, atingindo R$ 139 milhões em novembro.

Em janeiro de 2010, com o acordo entre a Caixa e o PanAmericano, o volume baixou para R$ 88 milhões.

Entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2010, período que está sendo vasculhado pelos especialistas da CVM, o valor da ação PN (preferencial, sem voto) passou de R$ 3,05 para R$ 10,93.

A entrada da Caixa no

PanAmericano salvou o banco, que enfrentava problemas de liquidez. Mais tarde, o Banco Central descobriu um esquema de fraudes que gerou um rombo de R$ 4,3 bilhões, anunciado em novembro de 2010.

AÇÃO PARALELA

Além da CVM, o Ministério Público Federal também investiga o suposto vazamento em favor de pessoas ligadas a Palladino.

O procurador da República Rodrigo Fraga pediu à CVM dados de operações do período que antecedeu a venda para a Caixa.

Esse processo corre à parte da investigação do próprio Ministério Público sobre os crimes cometidos por ex-executivos do PanAmericano, incluindo Palladino, que teriam causado o rombo.

A CVM disse que "continua analisando e investigando os assuntos relacionados ao Banco PanAmericano".

A advogada de Palladino não respondeu até o fechamento desta edição.

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