Análise

Penguin vê mercado de livros do Brasil similar ao da Índia

Não há dúvida: é o maior negócio editorial do ano no mercado brasileiro. Com todo jeito de que será um dos maiores da década.

Não só pelos números, exaustivamente especulados, nem também porque confirma a tendência de internacionalização da indústria do livro, acentuada desde 2005.

Só para lembrar dos lances recentes: a entrada do grupo espanhol Planeta (2003), a compra da Objetiva pela Alfaguara, do também gigante espanhol Prisa-Santillana (2005), o ingresso dos grupos portugueses Leya (2009), de grande porte, e Babel (neste ano), de menor porte.

O negócio pode ser um dos maiores da década à medida que se confirmar a expectativa de John Makinson, presidente-executivo da Penguin.

Makinson disse que via o mercado do Brasil como o da Índia: cresce a quantidade de leitores que surgem com a expansão do país.

Os leitores daqui são, diz Makinson, não só potenciais consumidores de livros digitais; ainda seremos grandes consumidores de impressos.

A Penguin entrou na Índia em 1985. Os primeiros sete títulos saíram dois anos depois. Desde 2005, passou a investir mais: hoje são 200 por ano, com um catálogo que possui mais de 2.000.

A Índia é o mercado de livros mais promissor no sul da Ásia. A cada vez, entram novas editoras e agentes literários estrangeiros, empresas locais são criadas e há mais prêmios literários. Já são 90 mil títulos por ano, com tiragens que alcançam facilmente as 50 mil cópias.

No Brasil, foram 54,7 mil títulos em 2010, segundo a CBL. Na média, as tiragens ficam entre 3.000 e 5.000 exemplares.

Com uma classe média que compra cada vez mais livros e seus mais de 550 milhões de indianos abaixo dos 30 anos -o que fortalece o setor educacional-, o país leva os mais otimistas a projetar um crescimento da indústria do livro que pode chegar aos 30% ao ano.

No Brasil, de 2009 para 2010, o crescimento real, em faturamento, não passou de 2,6%.

Nada mal para o Brasil ser comparado à Índia por John Makinson.