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3ª onda chinesa focará bens de consumo

Para Magnus Montan, do HSBC na China, investidor asiático vai se concentrar no mercado consumidor brasileiro

As duas primeiras ondas foram de exploração de recursos naturais e manufatura de bens de capital

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Diante da crise na Europa e da desaceleração nos Estados Unidos, uma terceira onda de empresas chinesas se prepara para entrar com força no Brasil, de olho no mercado doméstico do país.

Essa é a previsão de Magnus Montan, chefe de Negócios Internacionais do banco HSBC na China e grande conhecedor das relações entre o Brasil e o gigante asiático.

Na primeira onda, vieram empresas focadas em extração de recursos naturais; depois, as voltadas para manufatura de bens de capital. Agora, começam a se expandir as empresas de manufatura de bens de consumo, como eletrodomésticos.

Abaixo, trechos da entrevista com Montan e Anderson Au, chefe da área de multinacionais chinesas na América Latina do HSBC.

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Folha - Qual é o perfil das empresas chinesas que estão vindo agora para o Brasil?

Magnus Montan - A primeira geração de empresas chinesas que vieram estava comprando matérias-primas; a seguinte era de companhias querendo vender para o mercado doméstico brasileiro.

Dentre elas, houve uma primeira onda de empresas de manufatura de bens de capital, como a XCMG e Sany, de máquinas pesadas.

A terceira onda é de empresas que fabricam bens de consumo, como eletrodomésticos. Estamos aqui com um grupo de oito empresas, a metade está atrás de recursos naturais, a outra metade mira o mercado consumidor brasileiro. Entre elas, está uma empresa de linha branca.

São empresas cujas marcas não são conhecidas fora da China. A mesma coisa aconteceu com o Japão e a Coreia 30 anos atrás.

Das chinesas, a Gree, de ar condicionado, já está aqui, e a Haier está associada à H-Buster. Marcas que não são conhecidas no Brasil adquiriram marcas locais: como a Midea, que comprou 51% da Carrier América Latina.

Qual é o impacto da crise na Europa e da desaceleração nos EUA, tradicionais mercados da China, sobre os negócios chineses com o Brasil?

Empresas chinesas vão fazer mais negócios com países em desenvolvimento, em particular o Brasil, porque elas estão subindo na cadeia de valor, procurando novos mercados para montar a distribuição e a venda de seus produtos.

E, por causa do que está ocorrendo na Europa e nos EUA, está mudando o per-

fil de saída das empresas

chinesas.

O Brasil é uma economia que cresce muito, com grande mercado consumidor. Então, os chineses querem estar aqui, seja para vender equipamentos de telecomunicações ou transportes.

Mesmo assim, Europa e EUA ainda têm grandes mercados domésticos. E, embora os emergentes tenham ganho destaque, os chineses buscam também adquirir tecnologias e marcas -como na compra da IBM pela Lenovo e da Volvo pela Geely.

As montadoras chinesas protestaram contra o aumento do IPI sobre carros e as exigências de nacionalização. Na China, ainda existem muitas regras de conteúdo nacional mínimo?

Anderson Au - Na China, existe não apenas exigência de conteúdo nacional mas também se proíbe que estrangeiros sejam proprietários em alguns setores. Montadoras, por exemplo, precisam ter sócio chinês. Mas em muitos setores a China eliminou as restrições e exigências.

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