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Entrevista - Robert Shiller

Bolhas existem o tempo todo, diz Nobel de Economia

Economista dos EUA especializado em coletar e mensurar dados recomenda desconfiança do mercado financeiro

JEFF SOMMER DO "NEW YORK TIMES"

Robert Shiller, professor da Universidade Yale, foi informado na semana passada de que receberia o Prêmio Nobel de Economia, com Lars Peter Hansen e Eugene Fama, da Universidade de Chicago.

O comitê do Nobel o descreveu como fundador do campo das finanças comportamentais e inovador no uso da psicologia em economia, citando suas análises pioneiras sobre bolhas nos mercados de ações e imóveis.

Na última quarta, Shiller, parte do grupo de economistas que escrevem a coluna "Economic View" no "New York Times", me ligou do aeroporto, onde embarcava para uma palestra no banco central holandês. Eis uma versão editada da conversa.

Pergunta - Esse negócio de Nobel é muito difícil.

Robert Shiller - Verdade. Mas é maravilhoso. Agora estarei mais envolvido com o ensino. Vou preparar um curso on-line para a Coursera em janeiro, chamado "Mercados Financeiros", e fui informado de que 50 mil pessoas já se inscreveram. Também vou lecionar introdução à economia para os calouros de Yale. Falar com estudantes ajuda a nos reconduzir à realidade.

Você foi um dos criadores dos índices Case-Shiller, que medem preços de imóveis, e da "razão P/L de Shiller" --uma forma de utilizar dados sobre preços e lucros para determinar se o mercado de ações está supervalorizado. Você colabora com a Fundação Cowles de Pesquisa Econômica, que trabalha muito com a coleta de dados. Por que mensurações são importantes?

Nosso fundador, Alfred Cowles, era um gestor de investimentos que se tornou cético. A administração de fundos era uma profissão que envolvia muita falsidade --pessoas diziam ser capazes de obter retornos superiores à média sem na verdade o ser.

Ele suspeitava que seus colegas em Wall Street estivessem mentindo e não tivessem capacidade de prever o mercado. Queria dispor de pesquisas econômicas verdadeiras. E coletava dados.

Tenho essa mesma natureza desde criança.

Com Richard Thaler, da Universidade de Chicago, você foi uma das pessoas que introduziu a psicologia na teoria dos mercados. Como isso ocorreu?

Eu me casei com uma psicóloga [Virginia Shiller, instrutora clínica no Centro de Estudo da Criança em Yale], o que certamente influenciou. Também descobri que existiam certas lacunas na teoria do mercado eficiente, que era a ortodoxia no mundo das finanças, e elas não faziam nenhum sentido.

Como a "exuberância irracional", título de um de seus livros, afeta o mercado de ações e como ela se enquadra à teoria do mercado eficiente?

Essa teoria é uma meia verdade. Não é fácil ganhar muito dinheiro muito rápido, e você pode passar anos perdendo mesmo que seja muito inteligente. Onde a teoria erra é em afirmar que você deve presumir que não há interesse em tentar superar o mercado, ou que a política econômica deveria ser orientada sob a suposição de que não existem bolhas.

Portanto, bolhas existem.

Sim, o tempo todo. A maior parte das ações no mercado de capitais, em termos agregados, consiste de bolhas. Isso não se aplica a ações individuais, mas se aplica ao mercado como um todo.

Você já escreveu muito sobre bolhas no mercado imobiliário, como a que conduziu à crise financeira da qual ainda nos recuperamos. Você constatou que os preços de imóveis em geral se movem mais devagar que os das ações. Por quê?

O mercado imobiliário, em geral, é de amadores; não é fácil para as pessoas agirem rapidamente. Mas os profissionais estão chegando, e isso pode mudar.

Leia a íntegra em

folha.com/no1360071


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