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GM faz aposta em carro elétrico nos EUA

Presidente da montadora aproveita investigação de segurança para defender modelo com estratégia arrojada

Autoridades apuram risco de incêndio no veículo; GM ofereceu carros substitutos durante a investigação

BILL VLASIC
DO “NEW YORK TIMES”, EM DETROIT

No final do mês passado, os principais executivos da General Motors foram convocados para uma reunião telefônica de emergência. O tópico: como responder a uma investigação do Volt, o elétrico que é o maior motivo de orgulho para a montadora.

Daniel Akerson, o presidente-executivo da GM, comandou a discussão de sua casa, onde sua família estava reunida para o feriado de Ação de Graças. "Esse pode ser um momento de definição para nós", disse ele, de acordo com um dos participantes da conversa.

Depois de discutir as opções, os executivos tomaram a incomum providência de oferecer gratuitamente carros emprestados para os proprietários do modelo durante o período da investigação sobre o risco de incêndio no modelo.

"Foi uma reação bastante original", disse o analista Joseph Phillippi, da consultoria Auto Trends.

A cultura fechada da indústria automobilística em Detroit sofreu mudanças consideráveis nos últimos anos.

Alan Mullaly deixou a fabricante de aviões Boeing para injetar novas formas de pensar na Ford, e Sergio Marchionne, o ítalo-canadense que comanda a Fiat, trouxe nova disciplina à Chrysler.

Mas nenhum deles está tendo impacto maior que o de Akerson na GM, em que os principais executivos durante muitas gerações aderiram a um código de conformismo e previsibilidade.

Os problemas com o Volt servem como exemplo. Akerson surpreendeu ao informar uma agência de notícias que a GM estava disposta a comprar de volta os Volts de proprietários preocupados.

Em Detroit, seus subordinados tiveram de correr para explicar a oferta, negando que Akerson estivesse tomando decisões importantes de improviso.

Desde seus comentários sobre o Volt, Akerson vem evitando falar com a mídia.

Mas em entrevista recente não parecia arrependido pelo seu estilo franco e abordagens heterodoxas na gestão da GM.

NOVATO

"Creio que ser novo no ramo é tanto vantagem quanto desvantagem, porque observo as coisas de modo um pouco diferente dos outros", diz.

Desde que assumiu o comando, em setembro de 2010, Akerson comandou a histórica oferta pública inicial de ações da montadora e orientou as bem-sucedidas negociações entre a companhia e o sindicato dos operários automobilísticos dos Estados Unidos, na metade do ano.

Mas ele ainda terá de encarar muitos problemas. Terá de encontrar solução para os defeitos nas baterias do Volt e estruturar a frágil recuperação da companhia, que saiu de uma concordata financiada pelo governo dois anos atrás.

PRESSÃO

Akerson está pressionando para melhorar as marcas da GM, especialmente com a expansão da linha Cadillac e das vendas internacionais.

Também assumiu interesse pessoal pelo Volt, desafiando os engenheiros a cortar em US$ 10 mil o custo do carro vendido por US$ 40 mil, e vai ampliar sua produção de 15 mil unidades neste ano a 60 mil em 2012.

É uma meta ambiciosa, se considerarmos que o Volt ficará bem aquém neste ano de sua meta de 10 mil vendas nos Estados Unidos.

Mas Akerson não se deixa abater pela recepção morna do mercado aos carros acionados primordialmente por baterias. Prevê que, em 2020, 10% dos veículos da GM terão "a eletricidade como parte importante da propulsão".

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