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Isenção de visto é 'questão de anos', afirma Itamaraty

EUA estão abertos ao diálogo, mas debate é demorado, diz diretor de imigração

Apesar dos lobbies do setor privado, política migratória americana é tratada no âmbito da segurança interna

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A isenção de vistos de turismo e negócios para brasileiros nos EUA ainda é uma "questão de anos", apesar das pressões do setor privado, disse à Folha o responsável pelo tema no Itamaraty.

"Nos últimos meses, não houve desdobramento concreto. O que temos é contatos com o setor turístico, que sempre manifesta interesse de facilitar ao máximo as viagens", afirmou por telefone o diretor de Imigração e Assuntos Jurídicos, Rodrigo do Amaral Souza.

"Mas o último contato que tivemos com as autoridades americanas foi em agosto."

Lobbies de turismo, negócios e varejo dos dois países pedem ao Congresso dos EUA e ao Departamento de Estado -que investe para reduzir a fila nos consulados- que relaxem a lei da dispensa do visto e incluam o Brasil.

Hoje, duas leis tramitam pelo Senado dos EUA visando acelerar o processo para os brasileiros tirarem o visto, e os grupos de pressão veem aí chance de derrubar a exigência do documento.

O motivo está no bolso: em 2010, o total de visitantes brasileiros nos EUA saltou 34%, e seus gastos médios cresceram 30%. Mas a questão da isenção -que hoje beneficia 36 países- vai além.

O próprio Itamaraty, conforme a Folha apurou com fontes do lado brasileiro e do lado americano, tem preocupação com possíveis reveses decorrentes da dispensa, como um aumento de brasileiros barrados em aeroportos.

Ainda assim, o Ministério das Relações Exteriores oficialmente afirma que ao Brasil interessa a isenção, já que os benefícios seriam maiores do que eventuais problemas.

Os EUA, por sua vez, defendem uma abordagem "gradual", na qual o Brasil primeiro deve entrar no chamado Visa Waiver Program.

As duas principais exigências são que o índice de recusa de visto no país caia a 3% (hoje é de 5%) e que a taxa de abuso do visto -pessoas que ficam além da estadia permitida- seja mínima.

Sem revelar números, o Departamento de Estado afirma que no caso brasileiro esse problema era marginal. Souza lembra, também, que, com a crise econômica, o número de imigrantes brasileiros nos EUA tem caído (não dá dados concretos, porém).

Mas outros poréns pesam, como a renda consular e a segurança nacional -os EUA temem que a Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) possa manter laços financeiros com grupos terroristas, algo não provado.

"Nos EUA, é o Departamento de Segurança Interna que conduz a política migratória. A pressão do lobby turístico tem seu peso, mas não é tudo", disse Souza. "Acho que [os americanos] não estão fechados, é questão de tempo", afirma, dizendo que não é possível especificar quanto: "Mas o horizonte é em anos. Não é coisa para amanhã".

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