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Vinicius Torres Freire

O BNDES em 2012 e a crise

Banco espera investir nas novas concessões de infraestrutura e deve ter verba adicional do governo

EM 2009, o BNDES recebeu R$ 100 bilhões do governo federal para financiar seus empréstimos. Trata-se de dinheiro que o Tesouro tomou emprestado e repassou ao banco, que também recebe fundos do FAT. Em 2010, foram mais R$ 80 bilhões. Neste ano, o governo poderia captar até R$ 55 bilhões para o mesmo fim, mas por ora tomou R$ 30 bilhões.
Quanto o BNDES deve pleitear para 2012? Mais R$ 55 bilhões? "Menos, bem menos. Na verdade, francamente ainda não temos ideia", diz o presidente do banco, Luciano Coutinho. Neste ano, o banco deve desembolsar uns R$ 140 bilhões.
Até março, o banco deve ter mais precisão do que deve fazer em 2012, inclusive com a "sobra" de R$ 25 bilhões do dinheiro do Tesouro. Por enquanto, o cenário está nublado.
Coutinho observa que a incerteza é grande demais. Não se sabe quão grave será a crise na Europa, nem as reações no resto do mundo.
Não se sabe como será o comportamento das empresas brasileiras, sua demanda de novos financiamentos de longo prazo (e a qualidade e a viabilidade desses projetos).
Muito importante, o banco pode ainda ser mais ou menos ativo a depender do sucesso das concessões na área de infraestrutura no ano que vem, como as de aeroportos. Ou a depender da intensidade da retomada dos investimentos diretos do governo federal, que podem estimular o ânimo privado de investir.
Tanto num cenário de catástrofe na Europa como num ambiente mais tranquilo, lá fora e/ou no Brasil, a atuação do banco pode aumentar.
Apesar das dúvidas muito críveis e razoáveis de Coutinho sobre as necessidades futuras do banco, já há integrantes a dizer que o banco poderia receber entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões adicionais, "num cenário básico" (isto é, sem desastre financeiro no mundo e com crescimento em torno de 4% no Brasil).
Apesar de acreditar em recessão e crise de crédito na Europa, embora de tamanho obviamente incerto, Coutinho diz, porém, que ainda não viu sinais de restrição a crédito para exportadores brasileiros.
O presidente do BNDES lembra que o banco tem bons radares e, além disso, ele mesmo está em contato frequente com empresas e bancos. Nos grandes bancos, brasileiros, que negociam crédito de exportação, tudo tranquilo. Por ora.
O que mais parece animar Coutinho no momento são as concessões de infraestrutura. Acredita que os aeroportos serão licitados logo no início do ano que vem.
Observa a todo momento como o modelo de concessões pode "alavancar" investimentos: o governo não imobiliza muito dinheiro num projeto só (bancado por empresas privadas), restando mais recursos para incentivar, via BNDES ou intervenções diversas, vários outros projetos. Diz que a próxima onda de concessões deve vir na área de ferrovias e rodovias. O assunto parece tedioso, mas transporte ruim e mal organizado arruína a competitividade dos produtos brasileiros.
O governo estaria concentrado em elaborar um planejamento de longo prazo para o setor, de integração de estradas de ferro, rodovias e hidrovias, a fim de organizar investimento privado e uso dessas vias de transporte. Mal comparando, o governo quer um "modelo" para o transporte, tal como o fez Dilma Rousseff na reorganização do setor elétrico, quando ministra de Lula.

vinit@uol.com.br

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