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Análise

Quem cuida do que é público em meio ao descrédito de ONGs?

RODRIGO ALVAREZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

MAIORIA É IDÔNEA E ADOTA POLÍTICAS QUE SERIAM OBRIGAÇÃO DO ESTADO

As ONGs (organizações não governamentais) viraram a bola da vez na berlinda dos escândalos políticos gerados por denúncias de corrupção e mau uso do dinheiro público envolvendo ministérios do governo.

Na crise que levou à queda de alguns ministros, as organizações sociais aparecem como beneficiárias de repasses ilícitos, não cumprimento de obrigações assumidas nos convênios com o governo federal ou promiscuidade com agentes públicos.

O governo reagiu rapidamente, determinando aos ministérios que suspendessem os convênios assinados com as organizações sociais até que tudo fosse esclarecido.

O corte de verbas ameaça a estabilidade das entidades que dependem desses recursos. Isso pode significar o não pagamento do salário de funcionários de creches, hospitais, compra de alimentos etc. Mas o pior de tudo é o cenário de descrédito e desconfiança que se criou em torno das ONGs no Brasil.

Segundo a última pesquisa do IBGE/Fasfil, já são mais de 330 mil ONGs no Brasil, e as envolvidas nos escândalos não passam de 30.

A verdade é que grande parte das ONGs no Brasil se mantém sem recursos governamentais. As que têm convênios com o governo, na absoluta maioria, são idôneas e são quem de fato implementa as políticas de atendimento social no Brasil.

Hospitais filantrópicos, creches, asilos, entidades de apoio a pessoas com deficiência, quando recebem recursos do governo, cumprem um papel que o Estado tem obrigação por lei de fazer.

Na maioria dos casos, os recursos repassados pelos convênios com os governos federal, estaduais ou municipais não cobrem as despesas reais com o serviço prestado pelas ONGs à população.

Essa diferença (que muitas vezes representa mais de 50% das despesas reais) precisa ser captada com empresas e indivíduos por meio de doações ou de apoio.

As ONGs representam hoje inovação na criação de metodologias e tecnologias socioambientais.

Novos métodos de educação, pesquisas socioambientais e metodologias para inclusão nasceram por iniciativa de pessoas que decidiram fazer de sua ocupação principal o bem público.

O mundo está mudando, e cada vez mais pessoas percebem que o caminho mais curto para garantir a qualidade de vida individual está em pensar na qualidade de vida de todos.

Numa sociedade moderna, precisamos criar mecanismos legais e culturais para estimular o cidadão a resgatar valores humanos e de respeito à vida em toda a sua diversidade. E não o contrário.

RODRIGO ALVAREZ é consultor do Idis (www.idis.org.br) especialista em financiamento e gestão de ONGs.

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