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Análise

Soja termina o ano de 2011 com pressão sobre os preços

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

O fim do ano está aí e, com ele, chega a hora de fazer a tradicional retrospectiva e indicar tendências futuras.

No mercado brasileiro da soja, 2011 teve a rara combinação de safra recorde, preços bons e lucro alto. O ano termina, porém, com mudanças que indicam cenário menos promissor para 2012.

O ano começou com preços próximos dos mais altos já recebidos pelos produtores do Brasil, graças à valorização iniciada já em meados de 2010 na Bolsa de Chicago.

A alta foi provocada, basicamente, por compras vigorosas dos fundos de investimento e pela disputa por área plantada entre as diferentes culturas no ciclo 2011/12 dos EUA, que foi antecipada para 2010 devido à disparada das cotações do trigo.

Com preços em alta, os produtores entraram em 2011 com cerca de metade de sua safra 2010/11 comercializada antecipadamente. O temor inspirado pelo fenômeno La Niña, que por vezes intensifica a tendência de estiagem no Sul do país, foi dando lugar à surpresa com os relatos de alta produtividade.

No final do ciclo, o Brasil colheu média de 51,9 sacas de 60 kg por hectare -a maior do mundo. A produção, recorde, passou de 75 milhões de toneladas, abrindo espaço para maior exportação.

Apesar da queda dos preços a partir de março, com a entrada de produto novo no mercado, os produtores conseguiram margens boas. Em Sorriso (MT), a renda líquida sobre o custo variável de produção ficou em R$ 700 por hectare (média de R$ 160 nas cinco safras anteriores). Em Cascavel (PR), foi de R$ 1.400 (média de R$ 600).

O entusiasmo se estendeu à safra 2011/12, cujo plantio está sendo encerrado agora. Os produtores aceleraram a comercialização antecipada e elevaram a área plantada.

Em setembro, porém, teve início uma forte queda na Bolsa de Chicago, que fez as cotações passarem da casa de US$ 14 por bushel (27,2 kg) para a faixa de US$ 11.

Com isso, o preço da saca para entrega imediata caiu de R$ 42 em agosto para R$ 37 em Sorriso, e de R$ 49 para R$ 43 em Cascavel.

A perda de ritmo das importações da China nos EUA e a maior área plantada na América do Sul também são fatores negativos. Por isso, a menos que ocorram sérios problemas climáticos que prejudiquem a safra sul-americana, 2012 tende a começar com preços pressionados.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

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