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Commodities

Múlti se retrai no financiamento da soja

Parcerias entre agricultores e fornecedores locais de insumos ganham espaço pelo terceiro ano consecutivo

Até 2008, estrangeiros chegavam a financiar até 50% da safra de soja de MT; participação deve ficar em 18%

GUSTAVO HENNEMANN
DE SÃO PAULO

As multinacionais do agronegócio, que tradicionalmente financiam boa parte da safra de soja em Mato Grosso, recuaram no custeio da produção no Estado pelo terceiro ano consecutivo e abriram espaço para as parcerias entre produtores e fornecedores locais de insumos.

Antes da crise mundial de 2008, gigantes como Bunge, ADM e Cargill chegaram a financiar metade da safra. No ciclo 2011/2012, cujo plantio foi concluído neste mês, a participação é de 18%, segundo levantamento do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

A queda contínua na oferta de recursos por parte dessas empresas levou os produtores a buscar mais acordos com as revendas regionais de sementes, agroquímicos e fertilizantes -o chamado pacote tecnológico. Nesta safra, as revendas financiam 25%. Na anterior, bancaram 20%.

Segundo o superintendente do Imea, Otávio Celidonio, enquanto as multinacionais tentam diminuir sua exposição ao risco, as revendas ocuparam esse espaço porque conhecem bem os produtores e têm critérios mais flexíveis na concessão de crédito.

TROCA

Trata-se de uma troca. O produtor leva o pacote tecnológico e paga a revenda com uma quantidade prefixada de soja após a colheita.

Nesse sistema, os insumos são negociados por um preço até 14% acima do valor de venda à vista, mas o produtor paga com soja, e não com dinheiro, segundo Walter Valverde, secretário-executivo do Cearpa, conselho que representa as revendas de produtos agropecuários.

"É o custo da tranquilidade do produtor, que transfere risco. Ele não se preocupa mais com a flutuação do preço da soja ou do dólar, porque vai pagar em grão, não em dinheiro", diz Valverde.

Segundo ele, há revendas no norte de Mato Grosso que oferecem insumos para serem pagos em soja apenas na safra de 2013.

O Estado é o maior produtor de soja do país e deve colher em 2012 quase 21 milhões de toneladas -29,5% da produção brasileira-, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A Bunge não revelou em quanto reduziu sua oferta de crédito, mas disse que atualmente o agricultor brasileiro é mais autônomo e que as maiores "restrições às empresas globais" têm "dificultado investimentos e inibido a ampliação de atendimento das necessidades financeiras dos produtores".

A Cargill afirmou que não tinha um executivo disponível para falar a respeito do tema ontem.

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