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Apagão deixa 6 milhões sem luz em 11 Estados

Curtos-circuitos em linha de transmissão levaram a falha, que ocorre em momento de consumo recorde

ONS diz que não houve falha técnica e governo nega estresse do sistema; para especialistas, porém, há fragilidade

DO RIO DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO

Um apagão na tarde de ontem deixou sem energia de 5 milhões a 6 milhões de pessoas, em 11 Estados das regiões do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país.

O problema teve origem em curtos-circuitos em 2 das 3 linhas de transmissão entre Miracema (TO) e Serra da Mesa (GO), segundo Hermes Chipp, presidente do Operador Nacional do Sistema.

Com a queda das duas linhas, a terceira ficou sobrecarregada e caiu também. Foi cortado o equivalente a 7% da carga total das áreas afetadas, segundo o ONS, entre as 14h03 e as 14h41.

Chipp disse que 80% dos consumidores afetados tiveram a energia restabelecida meia hora depois da queda das linhas. Em São Paulo e no Rio, porém, havia semáforos apagados e indústrias sem luz por volta das 17h30.

As causas dos curto-circuitos devem ser divulgadas amanhã, após reunião do ONS com os agentes do setor.

Ele descarta, porém, avarias em equipamentos, já que o sistema de proteção foi acionado imediatamente e interrompeu a transmissão.

Preocupado com o impacto de uma crise no setor elétrico, o governo convocou uma reunião reservada de emergência logo após o incidente (leia texto ao lado).

RECORDES DE CONSUMO

O apagão ocorre menos de um dia depois de o ONS ter registrado pico recorde de demanda no Sistema Integrado Nacional, às 15h32 de ontem.

A causa dos recordes de consumo, segundo o operador, são as elevadas temperaturas em todo o país.

Além de demanda maior, houve uma mudança no horário do pico, atualmente por volta das 15h30 e não mais no início da noite, como revelou a Folha na semana passada.

A mudança se deve principalmente ao uso de ar-condicionado, potencializado nos dias de calor mais forte.

Segundo o professor titular do Programa de Energia Elétrica da Coppe/UFRJ, Djalma Falcão, se a falha tivesse ocorrido mais perto do horário de pico, em vez de às 14h, a área e os prejuízos teriam sido maiores.

Em boa parte das cidades, segundo as concessionárias, o abastecimento foi interrompido por orientação do ONS, para diminuir a demanda.

"É melhor deixar uma residência sem energia por algumas horas do que cortar o fornecimento para o metrô", argumentou Chipp.

"Conseguiram evitar um efeito dominó", afirmou o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim.

Segundo ele, isso impediu que todo o Sudeste se apagasse e permitiu que a luz fosse religada em menos tempo.

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o problema não foi causado por sobrecarga no sistema, embora não tenha elucidado o que motivou a falha. "Não tem nada a ver com estresse do sistema", disse.

SISTEMA DEBILITADO

Para especialistas do setor, porém, o consumo recorde de eletricidade, o nível reduzido dos reservatórios das hidrelétricas e os atrasos nas obras de transmissão debilitam o Sistema Interligado Nacional.

Segundo David Zylbersztajn, sócio da DZ Negócios com Energia, "a operação se torna mais delicada".

"Possivelmente se a perturbação na linha tivesse ocorrido em contexto de menor consumo e de maior nível de água nos reservatórios, o desligamento não ocorreria."

Estimativas da EPE indicam que os reservatórios no Sudeste enfrentam a pior situação desde 1953.

O presidente da associação dos grandes consumidores de energia, Paulo Pedrosa, vê com preocupação a demora na operação de novas linhas de transmissão: estima-se atraso médio de 13 meses.

"Menos linha significa menos segurança no sistema. O sistema interligado nos traz mais eficiência, mas, à medida que cresce, aumenta a vulnerabilidade."


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