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Brasil atrapalha ganho das montadoras

Desvalorização do real derruba receitas em dólar, e vendas em queda fazem país virar vilão no resultado global

Inflação, adaptação de fábricas e custos de produção também influíram; indústria fala em subir preço

(GABRIEL BALDOCCHI) DE SÃO PAULO

Fonte de bons números para as grandes montadoras nos últimos anos, o Brasil passou a ser associado a dados negativos nos resultados globais das marcas em 2013 -- ano da primeira queda das vendas nacionais desde 2003-- e ofuscou os ganhos das companhias no período.

Além do mercado menor, a inflação, gastos com adaptação de fábricas e custos de produção atrapalharam.

O câmbio aparece como o principal vilão das filiais que têm a maior fatia do mercado na região. A desvalorização do real diminui o bolo das receitas em dólar apuradas com as vendas no Brasil. Também elevou custos de componentes importados dos carros.

Trata-se de um problema comum aos mercados da Argentina e da Venezuela, também citados pelas matrizes como responsáveis pelo impacto cambial em 2013.

Para a General Motors, a desvalorização dessas moedas teve um peso negativo de US$ 1,4 bilhão em 2013.

O lucro operacional da empresa caiu de US$ 500 milhões para US$ 300 milhões na América do Sul, onde o Brasil representa cerca de 60% do total das vendas.

O real é citado pela Renault como uma das principais responsáveis pelo impacto negativo de € 619 milhões no lucro operacional no mundo. A montadora não divulga dados regionais.

Também a Ford atribui ao câmbio, entre outros fatores, responsabilidade pelo prejuízo operacional da América do Sul, de US$ 34 milhões. O Brasil representa cerca de 60% das vendas na região.

Para minimizar os efeitos, executivos das matrizes sugerem ajustes no preço.

"Quando a moeda desmorona, você tem de aumentar preço", afirmou a analistas o presidente mundial da Renault, Carlos Ghosn.

Embora enxerguem pouco espaço para alta dos preços neste ano, analista acreditam que o efeito do câmbio vai chegar ao consumidor final.

Projeções da consultoria Tendências sugerem que os carros podem ter aumento real --acima da inflação-- de até 3%, após uma sequência de anos de queda.

OUTROS FATORES

Volkswagen, Renault e Fiat viram suas vendas sofrer com a desaceleração do mercado e a competição maior com as asiáticas e encerraram com volume menor em 2013.

A marca italiana, a mais afetada, culpa a retomada do IPI, a inflação e os gastos com a construção da nova fábrica de Pernambuco pela piora do resultado na região.

O lucro operacional da líder caiu 53% na América Latina, onde o Brasil representa 80% das vendas, para 469 milhões de euros em 2013.

O presidente mundial da marca, Sergio Marchionne, diz que o cenário é de cautela em relação ao Brasil em 2014. Ele indica aumento de preços e não descarta reduzir a produção, se necessário.

"Você tem uma condição assim: a China não é a dos últimos anos, os Estados Unidos se recuperaram bem e o Brasil deu essa deslizada. Comparativamente, o país perde relevância", afirma o consultor da PricewaterhouseCoopers Marcelo Cioffi.

Ele ressalva, contudo, que o Brasil continuará sendo um mercado importante para as montadoras e sugere um esforço adicional para as exportações como uma forma de proteção ao cenário negativo no curto e no médio prazo.


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