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Escândalo de espionagem dos EUA faz empresas perderem negócios

Companhias norte-americanas de tecnologia chegam a ser excluídas de licitações no exterior

Questão da vigilância, antes raramente mencionado, é novo padrão em diálogo com clientes estrangeiros

DO "NEW YORK TIMES"

Os efeitos da revelação de que a NSA (Agência Nacional de Segurança do governo dos Estados Unidos) tem um vasto programa de vigilância não são apenas diplomáticos: as empresas norte-americanas de tecnologia estão perdendo clientes mundo afora.

A Microsoft, por exemplo, deixou de ter como cliente o governo brasileiro.

O exemplo da companhia fundada por Bill Gates pode ser apenas o início, já que a maioria das companhias está envolvida em contratos de longa duração. Ainda assim, começam a se acumular as indicações de que clientes estão questionando a confiabilidade dos produtos de tecnologia norte-americanos.

A Forrester Research, uma companhia de pesquisa de mercado sobre o setor de tecnologia, estima que, no pior cenário, as perdas podem atingir os US$ 180 bilhões, ou 25% do faturamento do setor.

Um outro sinal dos problemas é que companhias de tecnologia estrangeiras, da Europa à América do Sul, revelam estar conquistando clientes que optaram por abrir mão de seus fornecedores norte-americanos, dos quais passaram a suspeitar devido às revelações de Edward Snowden, ex-prestador de serviços da NSA que revelou o esquema de espionagem.

"Está claro para todas as companhias de tecnologia que essa questão afeta seus resultados financeiros", diz Daniel Castro, analista sênior da Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação.

Para dar maior segurança a seus clientes estrangeiros, a IBM está gastando bilhões de dólares para construir centrais de processamento fora dos EUA, como forma de garantir a eles que suas informações estão protegidas contra a curiosidade do governo norte-americano.

EFEITO SNOWDEN

O efeito das revelações de Snowden sobre os negócios é sentido de maneira mais direta nas conversas diárias entre as empresas de tecnologia e os seus cautelosos clientes.

O tópico da vigilância, que antes raramente era mencionado, agora é "o novo padrão" nessas conversas, como descreveu recentemente um executivo de tecnologia.

"Nossos clientes se preocupam mais que nunca com o local de armazenagem de seu conteúdo e a maneira pela qual ele é usado e protegido", disse John Frank, vice-diretor jurídico da Microsoft.

Ao mesmo tempo, diz Castro, as empresas acreditam que o governo norte-americano só está piorando uma situação já ruim.

"A maioria das companhias nesse ramo se sente muito frustrada porque não houve qualquer resposta das autoridades que permita que elas voltem aos clientes e digam que as coisas mudaram e que eles agora podem confiar de novo nelas", diz.

Em alguns casos, isso significou abrir mão de possibilidades de faturamento.

Ainda que seja difícil quantificar as oportunidades perdidas, as empresas norte-americanas estão sendo excluídas de algumas concorrências promovidas por clientes estrangeiros que no passado as teriam incluído, afirma James Staten, analista da Forrester Research.

Há companhias alemãs, ele afirma, que "determinam explicitamente que certas companhias norte-americanas não poderão participar".

Ele acrescenta que "em alguns casos o melhor fornecedor de determinada coisa é a IBM, mas ela nem mesmo é convidada a participar".

O resultado disso é um presente para companhias de fora dos Estados Unidos.

A Runbox, uma companhia norueguesa de e-mail que afirma não acatar ordens de tribunais estrangeiros que solicitem informações pessoais sobre usuários, divulgou que seu total de clientes cresceu em 34% no ano passado, depois das revelações sobre a NSA.


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