Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Socorro a elétricas do Sul e do Sudeste supera 80% do total

Light (RJ) terá de emprestar R$ 556,7 mi, e Eletropaulo (SP), R$ 450,5 mi; conta deverá ser paga por todos os Estados

Das 63 distribuidoras do país, 39 acumulam dívidas com a compra de energia extra e terão que ser financiadas

JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA

A Light (RJ) e a Eletropaulo (SP) são as empresas de distribuição que mais receberão dinheiro de empréstimo bancário, viabilizado pelo governo, para pagar suas despesas de fevereiro com a compra extra de energia.

Pelos gastos que fizeram no mês, elas devem, respectivamente, R$ 556,7 milhões e R$ 450,5 milhões.

Considerando todas as distribuidoras que se beneficiarão do empréstimo, o gasto chega a R$ 4,75 bilhões. A informação foi publicada no "Diário Oficial da União".

Ao menos 83% deste valor será destinado a distribuidoras das regiões Sul e Sudeste. Dentre as 14 empresas que vão ter que emprestar acima de R$ 100 milhões, 13 estão nessas duas regiões (veja quadro ao lado).

Das 63 distribuidoras que existem no país, 39 acumulam dívidas com a compra de energia extra e terão que pegar empréstimos.

A conta do empréstimo, no entanto, será rateada de forma homogênea entre todos os consumidores do país. Ou seja, mesmo que uma distribuidora não tenha tido custos extras, seus clientes pagarão uma parcela dos custos de outras distribuidoras.

Os repasses serão feitos às tarifas, na forma de aumentos, a partir do ano que vem. Cada distribuidora aumentará o preço da luz na data de seu reajuste tarifário.

TARIFAS

As distribuidoras que não tiveram custos extras possuem contratos fechados para atender sua demanda.

Por isso, não tiveram de recorrer à compra de energia no mercado livre, de curto prazo, cujos preços estão elevados por causa da estiagem.

Esse modelo de "rateio solidário", no qual até as empresas que não pegam empréstimos repassam a cobrança para seus consumidores, foi planejado pelo governo para impedir que ocorram elevações muito acentuadas nas tarifas em apenas algumas regiões.

PREÇOS PRESSIONADOS

Desde o início do ano, os preços da energia estão sendo pressionados pela falta de chuvas, que prejudicou o reabastecimento dos reservatórios das hidrelétricas e motivou maior uso de térmicas, mais caras e poluentes.

Com isso, contratos mais curtos passaram a ser negociados pelo preço-teto, R$ 822 por megawatt-hora.

Em janeiro, esse gasto ficou em R$ 1,8 bilhão, do qual R$ 1,2 bilhão foi pago pelo governo por meio de um aporte do Tesouro. O restante caiu na conta das distribuidoras.

As empresas já têm um acordo com nove bancos para obter um financiamento de até R$ 11,2 bilhões. Se houver necessidade maior, outro acerto terá de ser feito. Se a quantia necessária for menor, o dinheiro não será usado.

DESLIGAMENTOS

Ontem, a CCEE (Câmara de Comercialização de energia Elétrica) anunciou que três de seus conselheiros pediram desligamento, apenas um dia após a aprovação da tomada do empréstimo bilionário que irá socorrer as distribuidoras.

O estatuto da câmara precisou ser alterado para que essa operação pudesse ser feita e ainda pairam dúvidas sobre o funcionamento desses empréstimos, que não têm prazo ou juros fixados.

Dos 5 integrantes, 2 permanecem na CCEE: o presidente, Luiz Eduardo Barata Ferreira, e Antônio Carlos Fraga Machado.

Em nota, a CCEE disse apenas que os desligamentos se devem a "questões pessoais".

Luciano Freire, engenheiro, ocupava o cargo desde 2008. Paulo Born, também engenheiro, estava no conselho desde 2012. Ricardo Lima, bacharel em física, estava no posto desde 2011. A Folha não conseguiu contato com os conselheiros.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página