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Com reajustes de 2014, preço da luz fica 24% acima do de 2012

Cálculo se refere a custos de 99% das empresas do setor e não envolve o mercado livre

Além da seca, fracasso de leilão deixou energia mais cara; federação da indústria paulista não comenta alta nos custos

MACHADO DA COSTA DE SÃO PAULO

O resultado dos esforços do governo para reduzir os preços de energia elétrica para a indústria durou pouco mais de um ano.

Cerca de 99% das empresas do setor pagarão mais pela eletricidade neste ano do que em 2012 -quando foi promulgada a MP 579 a fim de diminuir os preços-, mostra levantamento da Comerc Energia, feito a pedido da Folha.

Publicada em setembro de 2012, a MP 579 (convertida na lei nº 12.783) prometia deságio médio de 28% nas tarifas para a indústria no ano de 2013. No entanto, a queda foi menor e, com os reajustes já aprovados em 2014, os consumidores industriais pagarão, em média, 23,8% a mais do que no período anterior à aprovação da MP.

Consideradas as seis principais distribuidoras que já tiveram aprovados reajustes neste ano -AES Sul, Cemat, Coelba, Coelce, Cemig e CPFL Paulista-, os preços médios deste ano ficarão em R$ 182 por megawatt-hora (MWh).

Em 2012, o preço médio era de R$ 147 por MWh.

A alta registrada nos custos é bem superior à inflação do período (de 11% desde setembro de 2012).

No calendário de reajustes, os principais aumentos previstos neste ano daqui para a frente são o da Eletropaulo, que abastece a região metropolitana de São Paulo, em julho, da CEEE, fornecedora da Grande Porto Alegre, em outubro; e da Light, da Grande Rio de Janeiro, em novembro.

Ainda não há estimativa para esses aumentos.

O cálculo da Comerc, consultoria e comercializadora de energia, desconsidera os consumidores do mercado livre, que negociam diretamente com distribuidoras.

Isso porque a MP era destinada a baixar os custos do mercado chamado de "cativo" -o que tem seus preços regulados pelo governo.

O mercado livre é restrito a grandes companhias, menos de 1% do total, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), embora em volume elas representem cerca de 60% do consumo do setor.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) não quis comentar a alta dos custos de energia.

ERRO DE PLANEJAMENTO

Além da baixa capacidade de geração de energia, criada pelo pequeno volume de chuvas neste ano, falhas na implementação da nova lei ajudaram no encarecimento da energia, segundo Carlos Ribeiro, presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica.

Ele afirma que, como três das principais geradoras do país -Copel, Cemig e Cesp- não aceitaram as regras do governo federal para antecipar a renovação dos contratos de concessão, o mercado ficou desbalanceado.

Isso porque, quando grandes contratos de fornecimento se encerraram no ano passado, essas três companhias -de propriedade dos Estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, governados por políticos da oposição ao governo federal-, decidiram não disponibilizar a energia excedente de sua produção no mercado cativo.

No leilão de energia de junho de 2013, as geradoras não concordaram com o preço-teto de R$ 200, e não ofertaram energia suficiente.

"As distribuidoras precisaram ir para o mercado spot [à vista] para cobrir a demanda contratada. Os custos dessas empresas passaram de algo perto de R$ 100 para R$ 822,83 o MWh", diz Ribeiro.

Os R$ 822,83 são o teto permitido para o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), cobrado pelas comercializadoras no mercado à vista -no qual as distribuidoras não precisam firmar um contrato de compra a longo prazo.

Com o fim dos contratos de fornecimento garantido, e sem energia para comprar, a diferença entre o volume demandado pelas distribuidoras e o contratado por elas supera os 3.200 megawatts.


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