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Eleição volta a ditar rumo dos mercados

Ações de estatais impulsionam Bolsa na esteira da perda de espaço da presidente Dilma Rousseff em pesquisa eleitoral

Investidores querem menos interferência do governo na gestão de empresas públicas, afirmam analistas

DANIELLE BRANT ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

Pela primeira vez desde 2002, a disputa presidencial voltou a determinar o rumo do mercado financeiro. Mas, se naquela época o dólar foi o termômetro das expectativas em relação ao comando do país, neste ano é a Bolsa que desempenha esse papel.

Desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida pelo Planalto, em março, o mercado de ações nacional, que caía e acentuava a queda iniciada no ano anterior (de 15,5%), mudou de tendência.

Na semana em que foi publicado o primeiro levantamento de impacto mostrando queda no desempenho da presidente --divulgado pelo Ibope em 20 de março--, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 5,4%.

Em 2 de abril, voltou a ficar positivo no ano e, agora, tem alta de 3,1%. Até a semana anterior à divulgação da sondagem, o índice acumulava queda de 12,7% no ano.

A Petrobras é a principal motivadora dessa virada: sua ação preferencial caía 18,09% até 20 de março e, agora, acumula alta de 3,45% no ano.

Banco do Brasil e Eletrobras também viram suas ações subirem desde 20 de março --até então, caíam 14,34% e 0,40% em 2014.

Na avaliação de analistas, os investidores enxergam a possibilidade de redução no uso de empresas estatais como instrumento político caso outro partido ganhe as eleições de outubro.

"Poderiam ser criadas condições mais favoráveis a essas companhias, como propostas de privatização", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Para Carlos Melo, cientista político do Insper, instituto de ensino, "há dúvidas de que Dilma seja capaz de promover ajustes mais profundos nas contas públicas".

No dólar, o movimento é de queda --de 5,97% no ano até a sexta passada--, diante da entrada maior de recursos no país atraídos pelos juros altos e pela possibilidade de uma mudança de governo.

No entanto, embora os levantamentos indiquem queda da presidente Dilma, ainda mostram que ela venceria a eleição contra qualquer um dos pré-candidatos.

As intervenções diárias do BC no câmbio, iniciadas em agosto do ano passado, colaboram para manter a moeda sob controle. E o Brasil possui reservas internacionais em torno de US$ 379 bilhões.

LULA

Em 2002, a preocupação era outra: a de que um governo petista rompesse contratos firmados e causasse prejuízos aos empresários.

O título do programa de governo do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, "A ruptura necessária", reforçava essa ideia.

"O mercado entrou em pânico", lembra Simão Silber, professor da FEA-USP. Nem mesmo a publicação da "Carta ao Povo Brasileiro" --documento veiculado em junho de 2002 em que Lula se comprometia com mudanças, sem rupturas bruscas-- bastou para mudar a percepção.

Como consequência, o dólar disparou e bateu na casa dos R$ 4 em meados de outubro, com valorização de 70% desde o início daquele ano.

A Bolsa, que tinha relevância pequena no país, caiu 26,7% no mesmo período.


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