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Jornal aponta sete tipos de erro em obra de francês

Repórter do "FT" viu contradições ao procurar dados sobre Reino Unido

Publicação britânica também aponta uso de números de anos errados e critica contas e escolha de fontes

CHRIS GILES DO "FINANCIAL TIMES"

O livro "Capital in the 21st Century", do professor Thomas Piketty, tem como cerne seus dados sobre desigualdade de renda, elogiados em todo o mundo. O próprio autor diz ter coletado "da forma mais completa e coerente possível, uma série de fontes históricas que permitem estudar a dinâmica da renda e da distribuição de riqueza no longo prazo".

No entanto, quando escrevia um artigo sobre distribuição de renda no Reino Unido, notei uma série de discrepâncias entre o livro de Piketty e as estatísticas oficiais.

Piketty citava que 10% dos britânicos detinham 71% do total da riqueza nacional. O relatório mais recente do escritório nacional de estatísticas informa que essa fatia é de apenas 44%.

Essa diferença significativa e me fez procurar as fontes de Piketty. Descobri que as estimativas de desigualdade de riqueza --o ponto central da obra-- estão prejudicadas por erros e omissões.

Duas das principais conclusões, a de que a desigualdade começou a subir nos últimos 30 anos e a de que os Estados Unidos são mais desiguais que a Europa, começaram a ruir.

Sem essas duas peças, parece impossível sustentar o argumento de Piketty de que "a contradição central do capitalismo" é uma tendência de concentração de riqueza nas mãos dos já muito ricos.

Encontrei vários tipos de erros no capítulo 10 do livro de Piketty, que trata da desigualdade na detenção de capital, que enumero abaixo. As falhas afetam o estudo sobre quatro nações: França, Suécia, Reino Unido e EUA.

1) Frequentemente, dados usados por Piketty não correspondem às fontes citadas.

2) Em vários trechos, Piketty modifica os números de suas fontes. No apêndice técnico, há explicações para essas alterações, mas algumas ficam sem motivo.

3) Piketty constrói séries temporais para três países europeus --França, Suécia e Reino Unido-- e depois as combina para obter uma cifra para o continente. Nessa operação, ele usa média simples, decisão questionável, pois não considera os pesos relativos dos países.

4) Frequentemente Piketty constrói seus próprios números, com estimativas sobre as quais não há explicações.

5) O professor usa anos errados em comparações. Por exemplo, há dados sobre a Suécia de 1935 citados como sendo de 1930.

6) Há dúvidas sobre definições usadas na obra.

7) Não há um critério claro na escolha de algumas fontes e dados usados.

(Detalhes das conclusões do jornalista podem ser vistas em seu blog http://is.gd/dog4y8, que funciona em sistema de paywall).


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