Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Infraero favorece irmão de Berlusconi

TrueStar, empresa beneficiada pela estatal que administra aeroportos, teve contrato renovado sem licitação

Companhia italiana também oferece seguro contra furto, extravio e danos de bagagens de forma irregular

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Uma empresa ligada ao irmão mais novo do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que oferece seguro e serviço de proteção de bagagens em aeroportos, tem sido alvo de favorecimentos por parte da Infraero.

A TrueStar teve contratos de locação no aeroporto internacional de Guarulhos renovados sem licitação, como determina a lei. Em alguns aeroportos, a empresa ocupa áreas maiores do que aquelas estabelecidas em contrato. Caso de Brasília e Congonhas (São Paulo).

Mas as irregularidades da empresa de Paolo Berlusconi não param por aí. Contrariando a legislação de seguros do país, a empresa oferece proteção contra extravio ou danos à bagagem sem revelar, na apólice fornecida ao cliente, qual é a seguradora.

A empresa tampouco oferece um número de 0800 no Brasil. O consumidor que precisar entrar em contato com a companhia vai ter de pagar uma ligação para a Suíça.

O nome de Paolo Berlusconi consta da documentação apresentada em 2009 à Infraero pela Sinapsis Trading, dona da marca TrueStar. Berlusconi entrou na sociedade em 2002, adquirindo o negócio do italiano Fabio Talin, ex-piloto de corrida que continua à frente do negócio.

A Infraero diz que tomou conhecimento das irregularidades em novembro após receber denúncia da concorrente Protec Bag.

Segundo a Infraero, a denúncia foi então encaminhada à superintendência de auditoria interna "para a imediata instauração de auditagem especial, visando garantir a independência e a autonomia da apuração dos fatos denunciados".

INÍCIO

A TrueStar chegou ao Brasil em 2006, com uma área no aeroporto de Brasília.

No ano seguinte, após vencer uma licitação em Guarulhos, a empresa iniciou a operação usando a marca Protec por três meses.

"Eles não tinham máquinas, estande, nada", diz Paulo Fabra, fundador da Protec. Ele afirma que na época entrou com ação contra a TrueStar e foi indenizado.

A Protec está no mercado há 20 anos e chegou a deter, por 15 anos, a patente mundial do negócio. A empresa já teve 27 lojas franqueadas nos aeroportos brasileiros. Hoje são 23, e o número só cai.

"Nossos contratos estão vencendo e não há condição de econômica de sobreviver com os valores de aluguel que a TrueStar está pagando."

No mês passado, com o vencimento de contrato em Maceió, a TrueStar conseguiu o ponto ao oferecer aluguel de R$ 12 mil -R$ 9.000 mais do que o contrato anterior.

A franqueada da Protec, que faturava R$ 20 mil brutos por mês, chegou a oferecer R$ 8.000 no pregão, mas foi vencida pela TrueStar. "Se descontar custo de matéria-prima, salário do funcionário e impostos, a conta não fecha", diz Fabra.

A TrueStar tem 14 lojas em 4 aeroportos. Só em Guarulhos são dez lojas, incluindo duas em áreas de desembarque, onde a demanda pelo serviço tende a ser menor.

Fabra pretende entrar com uma denúncia no Ministério Público Federal. "Essa empresa não comprometimento com o país e tudo o que entra é remetido para o exterior", afirma.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.