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Estaleiro atrasado dificulta produção de óleo da Petrobras

Atlântico Sul não conclui P-55, que segue para o RS; prejuízo da estatal pode ser de R$ 15 mi por dia

Esperada para o ano que vem, plataforma só sairá em 2013, e entrega de navio demora tanto que vira motivo de piada

CIRILO JUNIOR
DO RIO

A Petrobras terá sua produção prejudicada em 2012 devido ao atraso nas obras da plataforma P-55, cujo casco foi entregue na semana passada. A encomenda chegará com 15 meses de atraso, pelo estaleiro Atlântico Sul (PE).

A plataforma deveria ter entrado em operação no segundo semestre, mas só vai começar a produzir em 2013.

A P-55 está seguindo para o estaleiro Rio Grande (RS), onde será finalizada.

Estima-se que a estatal deixará de faturar pelo menos US$ 15 milhões por dia com o atraso. A conta considera uma produção média de 180 mil barris e o barril do petróleo cotado a US$ 100.

Para ter ideia do problema, um projeto semelhante ao da P-55 começou a ser construído um ano depois e já está em operação. A P-56 foi construída pelo estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. A plataforma produz desde agosto no campo de Marlim Sul, na bacia de Campos.

A P-55 não é o único problema da Petrobras no Atlântico Sul, estaleiro que tem as empresas Camargo Corrêa e a Queiroz Galvão como sócias. O navio João Cândido, encomendado pela Transpetro, virou motivo de chacota do mercado naval, segundo palavras de um executivo ligado ao setor.

'ESTALEIRO VIRTUAL'

O navio deveria ter sido entregue há quase dois anos, mas a construção da embarcação se arrasta até hoje e ainda não foi concluída. Comenta-se no mercado naval que houve problemas estruturais na concepção do projeto, e o navio estaria torto, necessitando ser reparado.

O Atlântico Sul nega o rumor e afirma que a certificadora internacional ABS (American Bureau of Shipping) atestou que o navio João Cândido está em ordem.

O mais recente balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no entanto, coloca a obra em estado de atenção e também atesta o aumento de US$ 500 milhões em seu custo, na comparação com a estimativa inicial, de US$ 1,2 bilhão.

"O navio está em fase final de acabamento, vistorias de construção e comissionamento para ser entregue ao cliente. Jamais foi discutida com a Petrobras a necessidade de transferência da embarcação para outro estaleiro no Brasil ou fora do país", afirma o estaleiro, por meio da assessoria de imprensa.

O João Cândido foi lançado ao mar com pompa no ano passado, em cerimônia na qual compareceram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff, então pré-candidata à Presidência. Era a vedete do decantado Promef (Programa de Modernização da Frota da Transpetro) e seria o primeiro navio construído no Brasil depois de 14 anos.

Com o atraso, acabou perdendo esse posto para o navio Celso Furtado, que foi entregue no mês passado pelo estaleiro Mauá.

Segundo o Atlântico Sul, o atraso se deve principalmente ao fato de o navio ter sido a primeira obra do estaleiro, que foi impactada pela demora no processo de aprendizagem dos funcionários. Afirma ainda que uma greve dos operários atrapalhou o andamento das obras.

A vitória do Atlântico Sul na licitação para construir o João Cândido foi criticada na época por alguns setores do mercado naval. O estaleiro ainda não tinha sido construído e foi apelidado de "virtual" pelo então secretário da Indústria Naval do Rio de Janeiro, Wagner Victer.

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