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Fundo FI-FGTS, da Caixa, procura empreiteiras para investir R$ 7 bi

Banco quer reduzir concentração de investimentos na Odebrecht, que já recebeu R$ 3,8 bi

Apesar de possíveis críticas por causa do ano eleitoral, maior preocupação é evitar 'micos' de anos passados

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

O comando do fundo de investimentos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o FI-FGTS, quer engordar a fatia de recursos aplicados em grandes empreiteiras.

Neste ano, a meta é aplicar R$ 7 bilhões em novos projetos, a maior parte do montante em empresas de construção, apurou a Folha.

Todas as maiores empreiteiras do país já foram procuradas para que apresentem propostas, mas os executivos da Caixa Econômica Federal, que tem a gestão do fundo, olham alguns segmentos com mais interesse.

Na mira, estão os negócios de energia da Queiroz Galvão, os de saneamento e rodovias da Galvão, a concessionária de rodovias CCR, que tem como acionistas Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, e a Invepar, controlada pela OAS e que atua no segmento de rodovias e aeroportos.

A justificativa dos gestores da Caixa é que a concentração de investimentos na Odebrecht, concorrente direta dessas empreiteiras, ficou muito alta. No total, o fundo já investiu R$ 26,9 bilhões, mas há autorização para aplicar até R$ 40 bilhões.

A Odebrecht é de longe a companhia que mais foi beneficiada com aportes. Nos últimos quatro anos, foram R$ 3,8 bilhões autorizados para empresas do grupo. Isso representa 9,5% dos recursos que o fundo tem a sua disposição para investir.

A OAS, vice-líder, recebeu investimentos de apenas R$ 1,2 bilhão ou 2,6% do total.

Apesar de já ter autorização para aumentar o volume de recursos aplicados, diversificar a carteira pode não ser tarefa tão simples.

Além de enquadrar as empresas nas exigências do fundo --que só pode injetar dinheiro em projetos de infraestrutura--, os técnicos da Caixa dependem do aval do comitê de investimento, que é politizado e conta com representantes de governo, empregadores e trabalhadores.

O comitê, por exemplo, negou dois projetos da Petrobras que a Caixa havia selecionado, entre eles um investimento no Comperj. A ideia é reapresentá-los neste ano.

À espera de aprovação estão ainda a injeção no Estaleiro Atlântico Sul, da Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, e na empresa de saneamento Estre.

Esse último investimento causou reação da Odebrecht, que passou a alertar os conselheiros sobre conflito de interesses. O FI-FGTS já investe na Odebrecht Ambiental, concorrente da Estre.

RISCO POLÍTICO

A aposta em despejar bilhões em ano eleitoral em empreiteiras é arriscada do ponto de vista político, afirmam funcionários do banco ouvidos pela Folha.

Eles argumentam que a escolha seguirá critérios técnicos, mas sabem que, como as construtoras costumam ser doadoras de campanha, o movimento pode ser interpretado como uma forma de favorecê-las financeiramente.

Internamente, contudo, a principal preocupação é não colocar dinheiro em novos "micos". Em 2010, ano da última corrida presidencial, o fundo aplicou R$ 900 milhões no Grupo Rede, dono de distribuidoras de energia, e na Nova Cibe, empresa criada pelo grupo Bertin para a construção termelétricas.

As duas empresas quase quebraram. Procurada, a Caixa não quis dar entrevista.


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