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Presidente elevou 20 vezes o seu salário antes de crise do BVA

Rendimentos fixos subiram de R$ 50 mil mensais para R$ 1 mi; padrão no segmento é de R$ 100 mil por mês

Banco, com rombo de R$ 1,6 bi, sofreu intervenção em 2012; em 5 anos, executivo recebeu R$ 277 mi

DAVID FRIEDLANDER JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

Cinco meses antes da intervenção do Banco Central no banco BVA, o salário do então presidente da instituição, Ivo Lodo, aumentou de R$ 50 mil para R$ 1 milhão por mês.

Isso aconteceu em maio de 2012. Em outubro, quando o BC entrou no BVA, encontrou um buraco de R$ 1,6 bilhão nas contas da instituição.

Segundo relatório do BC, o aumento do salário fixo do executivo contrariou "frontalmente" a situação financeira da instituição, que era "bastante crítica".

Com o aumento, Ivo Lodo recebeu R$ 7 milhões a mais que no ano anterior, segundo o BC. O executivo, no entanto, nega ter recebido a verba extra (leia texto ao lado).

Oito meses depois da intervenção, em junho de 2013, o BC colocou o BVA em processo de liquidação. Lodo e os principais executivos do BVA foram banidos do mercado por até 20 anos, acusados de desvio de recursos, fraudes contábeis e gestão temerária.

Cerca de dez vezes acima do que bancos parecidos com o BVA pagam em média a seus presidentes, o salário milionário de Lodo chamou a atenção do BC, que destacou isso em seu relatório.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que o salário médio nesse segmento é de R$ 100 mil por mês. No mercado, o ganho com salário fixo costuma ser muito menor do que os executivos recebem em bônus e dividendos.

O BC afirma que Lodo ganhava nas duas pontas e ainda recebeu recursos desviados do BVA como pagamento por serviços de consultoria supostamente prestados por ele a uma empresa de José Augusto Ferreira dos Santos, controlador do banco.

Desde 2007, quando entrou no BVA até a intervenção, Ivo Lodo recebeu R$ 90,9 milhões em "consultoria" --metade disso em 2011. Somando o salário fixo, bônus e os dividendos, ele embolsou R$ 277 milhões em cinco anos.

Ivo Lodo usou parte desse dinheiro para aumentar sua participação acionária no banco. No final de 2011, tentou comprar o controle, mas a operação não foi aprovada.

O BC também encontrou saques semanais em dinheiro, em quantias que variaram de R$ 100 mil a R$ 1 milhão, realizados em 2010 e 2011, sem justificativa nem recibos. O destino final, segundo o BC, era uma conta de Lodo.

PORRETE

Ivo Lodo era considerado um profissional competente quando chegou ao BVA. Antes disso foi executivo do grupo Safra e consultor. Tinha a ambição de comprar o controle do BVA.

Louco por carros, ele fez o BVA patrocinar corredores da categoria GT3, disputadas por carros de marcas como Ferrari e Lamborghini. Seu escritório era decorado com capacetes e miniaturas de carros de corrida.

Embaixo da mesa, guardava um porrete de madeira que, de vez em quando, mostrava às visitas. Dizia, brincando, que era para estimular funcionários relapsos.

Dono de um patrimônio avaliado por ele em R$ 73 milhões, na época da intervenção Ivo Lodo preparava a mudança do BVA para um dos endereços comerciais mais caros de São Paulo.


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