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Vendas de Natal frustram o comércio

Associação de lojistas calcula alta de 5,5% nas vendas em shopping; em 2010, setor cresceu 13% nessa época

Consumidor preferiu gastar com produtos de menor valor, como artigos de perfumaria, óculos e acessórios

Marlene Bergamo/Folhapress
Pedestre passa diante de loja que promove liquidação pós-Natal na rua Oscar Freire (nos Jardins, São Paulo), região conhecida pelo comércio de luxo
Pedestre passa diante de loja que promove liquidação pós-Natal na rua Oscar Freire (nos Jardins, São Paulo), região conhecida pelo comércio de luxo

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Depois do crescimento de mais de dois dígitos em 2010, o Natal deste ano frustrou o comércio. Nos shoppings, as vendas cresceram 5,5% em 2011 -um ponto percentual abaixo da expectativa dos lojistas. Descontada a inflação esperada para o período analisado (15 de novembro a 24 de dezembro), o crescimento real foi de 4,85%. Em 2010, o setor havia crescido 13%.

"A base de comparação é alta, não dá para falar em decepção, mas o setor ficou abaixo da expectativa", diz Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping).

A Apas (Associação Paulista de Supermercados) calculou crescimento de 6%. O indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio de 18 a 24 de dezembro teve alta de 2,8%. No mesmo período do ano anterior, foram 15,5%.

Levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) apurou 2,33% entre 1º e 24 de dezembro.

"O endividamento do brasileiro e o aumento da inadimplência se refletiram no varejo", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL.

O nível de endividamento de dezembro (41,3%) cresceu na comparação com novembro (41%). Em números absolutos, o total de famílias com dívidas passou de 1,472 milhão para 1,480 milhão, segundo pesquisa da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) com 2.200 pessoas na capital.

Com o maior endividamento das famílias e a inflação em alta corroendo a renda, os consumidores optaram por presentes mais em conta.

Segundo a Alshop, que ouviu 150 redes varejistas -representando 6.400 lojas-, a venda de artigos de perfumaria e cosméticos cresceu 18%, enquanto a de óculos, bijuterias e acessórios, 17%.

"Os setores que mais cresceram são aqueles que oferecem variedade grande de preços, com opções baratas de presentes", diz Sahyoun.

O setor de vestuário, que representa a maior parte das lojas de shopping, avançou só 2% ante expectativa de 7%.

As vendas foram inibidas pela alta do preço do algodão no mercado internacional, de mais de 20% em meados do ano. "Tudo é muito mais barato lá fora", diz ele. "Os setores têxtil e de calçados estão sofrendo com a competição das compras que chegam nas malas dos brasileiros que viajam para o exterior."

Dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) divulgados na semana passada mostram que o setor têxtil e de confecção deve encolher 10% neste ano.

LINHA BRANCA

As medidas do governo (redução do IPI) para estimular a venda de eletrodomésticos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar não tiveram efeito. As vendas do setor, com a de eletroeletrônicos, cresceram 5%. "O produto de maior valor agregado sofreu neste Natal. O tablet não vendeu como se esperava", afirma Sahyoun.

As vendas nos shoppings devem encerrar o ano com crescimento de 12%, aos

R$ 104,1 bilhões. Descontada a inflação (projeção de 6,54% para o IPCA no ano), a alta deve ficar em 5,46%.

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