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Análise/ Perspectivas para 2012

Desafio da citricultura é definir sistema de preço mais realista

MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mundo globalizado fez a competição entre os produtores de commodities agrícolas atravessar as fronteiras dos países.

O produtor de soja brasileiro não pode mais se contentar em ser competitivo apenas em relação a seus pares no país: tem de ser tão eficiente quanto o americano e o argentino, ou mais que eles.

O preço do produto tem como base o mercado externo, e a margem obtida depende da eficiência (controle de custos e produtividade) de cada produtor, além da competência logística de seu país.

Por se tratar de uma commodity, o suco de laranja impõe condição semelhante ao citricultor, ou seja, o preço pago pela laranja entregue na indústria processadora é influenciado pelo mercado internacional de suco.

Na Flórida (EUA), segundo maior produtor mundial de laranja, atrás apenas do Brasil, os produtores recebem pela caixa um valor vinculado ao preço do suco no mercado internacional. Existe uma correlação direta entre o preço da fruta e a cotação do suco na Bolsa de Nova York.

Também no Brasil o segmento agrícola depende do preço externo do suco, já que mais de 95% do suco produzido no país é exportado.

Mas a formação do preço do suco é função de diversos fatores. Os predominantes são o volume de suco ofertado pelas indústrias, o consumo do produto, notadamente nos EUA e nos países europeus, e a concorrência com outros sucos e bebidas não alcoólicas.

Estudo recente, encomendado pela Citrus BR, coordenado pelo professor Marcos Fava Neves, traz em detalhes o comportamento dos preços pagos ao produtor no cinturão citrícola paulista e os preços do suco obtidos pela indústria brasileira nos mercado dos EUA e da Europa.

O relatório mostra que nos últimos dez anos não há uma relação direta e estável entre esses preços. O valor que os produtores recebem no Brasil depende muito mais do volume de frutas ofertado na safra do que do mercado de suco no mesmo período.

Ainda que polêmico, o estabelecimento de um sistema de preços para a matéria-prima produzida pelos citricultores paulistas ligados aos preços do mercado de sucos, como o que se propõe o Consecitrus, é necessário. Não há como escapar da máxima de que o mercado consumidor é quem dá o comando.

O desafio que se apresenta para 2012 é estabelecer um sistema de preços que reflita o mercado internacional do suco de laranja, transmitindo de forma justa e transparente o preço ao produtor.

Sem isso, a sustentabilidade do Consecitrus e da citricultura brasileira correrá sérios riscos de deixar de ser modelo internacional a ser copiado por outros países.

MAURÍCIO MENDES é consultor do Gconci, CEO da Informa Economics FNP e presidente da Associação Brasileira de Marketing do Agronegócio.

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