Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
A vida sem sacola plástica TONI SCIARRETTADE SÃO PAULO Com ou sem lei (que está suspensa), São Paulo vai banir as sacolinhas plásticas a partir de 25 de janeiro. No lugar, o consumidor terá de se virar com ecobags retornáveis, caixas de papelão, carrinhos de feira ou sacolas biodegradáveis de amido de milho, vendidas a R$ 0,19. Apesar de a eficácia da medida dividir ambientalistas (falta infraestrutura para decompor as tais sacolas biodegradáveis), as redes varejistas, o governo e a Prefeitura de São Paulo se juntaram para tentar vencer as resistências -a reação inicial do consumidor foi ruim nas pioneiras Jundiaí e Belo Horizonte. Os consumidores reclamavam de pagar R$ 0,19 por algo que recebiam de graça, explodiu o consumo de sacos de lixo e houve bate-boca de quem não tinha como carregar as compras -principal argumento para derrubar na Justiça leis como a de São Paulo. Nos próximos dias, começa a campanha com propaganda na TV e sacolas retornáveis gigantes afixadas nas ruas (haverá uma na avenida Paulista, região central). Os supermercados compraram mais de 100 milhões de sacolinhas biodegradáveis e reforçaram as encomendas das retornáveis duráveis -novo negócio até para grifes como Osklen e Cavalera. A ideia é que o consumidor substitua o plástico não pela similar biodegradável, mas pela durável. Em Jundiaí, somente 5% do consumo "ressurgiu" nas biodegradáveis. O fim dos plásticos motiva grita geral da indústria, que fatura R$ 1,1 bilhão e ameaça demitir 6.000 pessoas. Provoca "guerra de laudos" de diferentes tecnologias verdes, que tentam demonstrar emissão menor de CO2. Nos seus mais de cem anos até se decompor, a sacolinha plástica entope bueiro, polui mananciais e vai parar no estômago de peixes. Com a biodegradável ocorre a mesma coisa, só que por até dois anos -em usina de compostagem (há somente 300 no país), são seis meses. De cara, os supermercados vão economizar R$ 72 milhões mensais -valor dos 2,4 bilhões de sacos gratuitos. Segundo João Sanzovo, diretor da Apas (Associação Paulista de Supermercado), a economia é desprezível perto dos gastos com propaganda, educação, coleta seletiva e treinamento de equipes. "A sacolinha é uma comodidade para o supermercado. O fato de não ter uma indústria de compostagem não tira o mérito dessa iniciativa, que vai puxar outras." Unilever e Procter investem em produtos como detergentes concentrados, que usam menos água e precisam de frascos menores. Os alimentos tendem a vir em embalagens com menos papel. Para atender a indústria, a Braskem criou um plástico verde, a partir da cana, e emite menos carbono. Esse plástico será usado nas ecobags retornáveis. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |