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'É uma tentação grande', afirma aposentada

Queixas de venda irregular de seguro de vida triplicam desde 2010; Febraban diz colaborar com

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

Mais da metade da renda da aposentada Judith Resende do Prado, 63, nem passa por suas mãos.

Com dois empréstimos consignados cujas prestações são descontadas do seu benefício, uma linha de crédito com débito automático na conta-corrente e a utilização recorrente do limite de cheque especial, Judith é considerada superendividada.

"Os bancos me ligam o tempo todo oferecendo empréstimos. É uma tentação grande para quem é pobre e tem renda baixa", diz.

Além dos empréstimos, a aposentada paga seguros que, segundo ela, contratou por ter entendido que eram necessários para a obtenção do crédito.

"Os bancos dizem que é necessário. Nas vezes em que argumentei que não queria, me perguntaram quem pagaria minha dívida caso eu morresse", diz ela, que sustenta um neto adolescente.

Segundo órgãos de defesa do consumidor, é crescente o número de idosos que buscam ajuda para lidar com dívidas e dizem que contrataram seguro sem notar ou por achar que era obrigatório.

Condicionar um empréstimo bancário à venda de outro produto é proibido. As reclamações sobre a chamada "venda casada" envolvendo seguro de vida que chegam ao Banco Central triplicaram entre 2010 e 2013, saltando de 86 para 276 por ano.

Em nota, a assessoria de imprensa da instituição diz não ter como saber, no entanto, se os reclamantes são aposentados ou idosos porque sua idade não é computada na tabela de queixas.

Vera Remedi, assessora-executiva do Procon-SP, considera "muito grave" o apelo que os bancos fazem aos idosos para se endividar.

"O endividado idoso é mais vulnerável, está mais exposto à pressão", afirma.

Existe um limite legal para a contratação de crédito consignado que é de 30% da renda. Mas, segundo Vera, muitas vezes, os idosos, como Judith, acabam contraindo outros empréstimos, além de produtos como seguros.

Ela conta ter atendido recentemente uma aposentada que tinha contraído uma dívida de R$ 10 mil e um seguro prestamista de R$ 3.000, a uma taxa de 4,9% ao mês:

"Esse seguro de R$ 3.000 financiado virou R$ 8.000 e contribuiu para que a dívida total chegasse a R$ 50 mil".

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou, por meio de nota, que "colabora com autoridades policiais, com os Procons e outros órgãos de defesa do consumidor, a fim de coibir eventuais irregularidades" na venda do crédito consignado.

Também por escrito, o INSS ressaltou apenas que há um teto para o comprometimento da renda de aposentados e pensionistas com crédito consignado e para os juros cobrados nesse tipo de empréstimo, que é de 2,14%.


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