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Seca paralisa navegação na hidrovia Tietê-Paraná e multiplica prejuízos

Com restrição parcial desde fevereiro e total desde o dia 30, perdas são estimadas em R$ 100 milhões

Expectativa é que não chova até novembro, mantendo a situação; transporte com carretas é cerca de 12% mais caro

JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO

A restrição da navegação na hidrovia Tietê-Paraná provocada por uma das piores secas da história já está causando prejuízos milionários ao agronegócio brasileiro.

Para o setor, o ano está praticamente perdido quando o assunto é transporte de cargas por rios.

Isso porque não há previsão de liberação total da navegação até o mês de novembro, já que nos próximos meses o país atravessa um período tradicionalmente seco.

Se a proibição permanecer, como é o previsto, só os acréscimos dos custos de transporte de soja e milho, que partem principalmente de Mato Grosso e Goiás, devem passar de R$ 80 milhões. segundo Edeon Vaz Ferreira, diretor do Movimento Pró-Logística e da Aprosoja-MT (associação que reúne produtores de soja e milho de Mato Grosso).

De acordo com ele, cerca de 2,5 milhões de toneladas deixarão de ser transportados. Isso representaria mais 45 mil carretas bitrem circulando pelas estradas paulistas, encarecendo o custo do transporte em cerca de 12%.

Ferreira e os envolvidos com a navegação, do produtor ao exportador, pedem o cumprimento da lei nº 9.433 (Lei das Águas), que criou a Política Nacional de Recursos Hídricos. Ela prevê "o uso múltiplo das águas", ou seja, por todos os setores: consumo humano e animal, irrigação, turismo e lazer, transporte e geração de energia.

"É preciso haver equilíbrio. Hoje o governo prioriza a energia em detrimento ao transporte. Outras alternativas [para geração de eletricidade] devem ser pensadas."

O presidente do sindicato que representa as empresas que fazem a navegação na hidrovia, Luiz Fernando Horta de Siqueira, diz que as indústrias já perderam R$ 100 milhões com as restrições na hidrovia --parcial, desde fevereiro, e total, desde o dia 30.

Segundo ele, a previsão era transportar cerca de 4 milhões de toneladas neste ano pela hidrovia. Até agora, apenas cerca de 20% disso foi transportado.

"Pior que o prejuízo financeiro é o moral. Você faz todo um trabalho para incentivar o transporte pela hidrovia, dizendo que é mais barato, mais vantajoso, aí surge um problema desse, que arranha a credibilidade desse modal."

ONDA DE DEMISSÕES

Osmar da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Fluviais no Estado de São Paulo, diz que já ocorreram demissões por causa da restrição da navegação --não soube quantificar o total de cortes.

Nelson Michielin, proprietário da DNP Indústria e Navegação, responsável por quase um terço da carga transportada pela Tietê-Paraná, diz que no ano passado foram cerca de 2 milhões de toneladas em cargas.

"Em 2014 não chegamos nem a 500 mil." De acordo com ele, mais de 700 trabalhadores já foram demitidos.

A empresa opera com quatro terminais ao longo de todo o sistema interligado à hidrovia. A previsão neste ano era transportar cerca de 3 milhões de toneladas.


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