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Produtos básicos dominam mais de 50% da exportação

É a 1ª vez que itens com baixa sofisticação representam mais de metade da venda

Bens manufaturados perdem mais espaço no 1º semestre, em parte por causa da crise da economia argentina

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

Pela primeira vez em ao menos 34 anos, os produtos básicos (bens com baixo grau de elaboração como minérios, grãos e carnes in natura) representaram mais da metade das exportações brasileiras no primeiro semestre

Como comparação, nos seis primeiros meses de 2013, os básicos representaram 47,5% da pauta de exportação do país. Há dez anos, a fatia não chegava a 30%, segundo a série histórica do governo, que teve início em 1980.

O avanço nas vendas desses bens ocorre num momento de dificuldade para a indústria nacional, que vem sofrendo com a queda nas vendas ao exterior. Com isso, a participação dos industrializados vem murchando.

No caso dos manufaturados, os bens mais elaborados produzidos pela indústria, como máquinas e veículos, a retração foi mais expressiva. No semestre, eles significaram apenas 34,4% das vendas, ante fatia de 37,4% que detinham nos seis primeiros meses de 2013.

Em números absolutos, a indústria vendeu US$ 6 bilhões a menos no semestre em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a exportação de básicos aumentou US$ 2,2 bilhões.

Não fosse o avanço das commodities, a situação do comércio exterior estaria ainda mais complicada. No acumulado do ano, as vendas totais do Brasil para o exterior somaram apenas US$ 110,5 bilhões, o desempenho mais baixo em quatro anos.

O resultado comercial positivo de junho ajudou a diminuir o rombo na balança comercial no ano, mas o deficit é de US$ 2,5 bilhões.

O governo mantém a previsão de fechará o ano no azul. Em 2013, o saldo positivo só foi possível com a exportação contábil de sete plataformas de petróleo, que inflaram as exportações brasileiras. Este ano, a previsão da Petrobras é que apenas duas plataformas sejam "vendidas" ao exterior.

Essa exportação é fictícia. Após ficar pronta, a plataforma é vendida a uma empresa estrangeira, que a aluga a petroleira no Brasil. O equipamento não sai do país, em uma operação que permite que as empresas paguem menos impostos.

Por enquanto, os resultados positivos mensais vêm sendo possíveis graças às importações, que têm recuado em ritmo maior do que a queda das vendas ao exterior, em um reflexo da moderação da atividade econômica.

EFEITO ARGENTINA

Boa parte da derrocada da indústria deve-se à situação de fragilidade da economia argentina, principal destino dos manufaturados brasileiros. As exportações para o país caíram 20% ante o primeiro semestre de 2013.

O governo esperava que em junho houvesse recuperação nas exportações para o país vizinho diante do esforço recente para destravar o comércio bilateral e a formalização do novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina. Mas isso não ocorreu.

O resultado preocupa a indústria. "Nossos manufaturados dependem muito do Mercosul e o recuo das vendas para a Argentina neste ano é assustador", diz Carlos Abijaodi, diretor de da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

"A queda da participação da indústria é muito grande e isso não é bom para ninguém. Fica claro que sem reformas não conseguiremos colocar a economia da forma que se precisa."


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