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Cifras & letras

Quem leu o quê...

Repórteres comentam livros que se destacaram em 2011 e qual a próxima obra econômica de suas listas

MARIA PAULA AUTRAN
Colaboração para a Folha

Depois do sucesso do lançamento da biografia de Steve Jobs -no mesmo ano da morte do cofundador da Apple-, o último Cifras & Letras de 2011 perguntou a repórteres e editores de "Mercado" o que eles leram neste ano. Além da biografia, foram citados "Saga Brasileira", sobre a história econômica do país, o manual de sucesso escrito por Eike Batista e um tratado sobre o Google. Aqui, eles contam também qual o próximo livro de economia que pretendem ler. As dicas valem como sugestões para quem ainda não preparou sua lista de leitura para 2012.

CAMILA FUSCO

A história do americano que ajudou a criar a Apple e influenciou os rumos da indústria mundial de eletrônicos, é o tema de "Steve Jobs" (Companhia das Letras), do jornalista Walter Isaacson.

A parte inicial da biografia, escrita em 42 capítulos, mostra como os acontecimentos vividos ainda na infância -como a rejeição pela mãe biológica e a posterior necessidade de autoafirmação- foram determinantes para a formação da personalidade de Jobs e da Apple.

É pelas próprias palavras de Jobs, colhidas em cerca de 40 depoimentos, que o leitor acompanha o crescimento profissional em meio à vida hippie e o LSD e às polêmicas opiniões sobre concorrentes como Bill Gates, da Microsoft, tido como "inferior, sem sal ou estilo".

Os embates com outros funcionários da Apple -a quem humilhou em diversas ocasiões- são relatados pelos próprios envolvidos, o que dá credibilidade à narração, também rica em detalhes sobre a convivência de Jobs com o câncer.

"Steve Jobs" não é para quem quer saber apenas sobre peculiaridades de um executivo, mas também sobre a forma como a Apple influenciou a indústria da tecnologia moderna.

Pode não ter criado seus principais produtos do zero -já existiam tocadores de MP3 quando nasceu o iPod-, mas tirou a concorrência da zona de conforto para pensar em novos produtos, afirma Isaacson.

Para 2012, uma opção de leitura é "Too Big To Know" (Basic Books). Ainda sem prazo previsto para publicação no Brasil, o livro de David Weinberger conta como a era do conhecimento está mudando com as redes sociais e com a internet.

PATRÍCIA CAMPOS MELLO

"Truth and Consequences" (Little, Brown and Company), da jornalista Laurie Sandell, é uma visão saborosa dos bastidores do maior crime financeiro da história. Escrito com a colaboração de familiares de Bernie Madoff, a obra mostra como era, na intimidade, o homem que sumiu com US$ 65 bilhões.

A fraude de Madoff foi exposta em dezembro de 2008. Durante pelo menos 20 anos, ele manobrou um esquema de pirâmide, com rendimentos falsos, que "tirava de Pedro para pagar João".

Pelo menos quatro pessoas, incluindo seu filho, Mark Madoff, se suicidaram.

Milhares de investidores perderam tudo o que tinham, principalmente seus fundos de aposentadoria, e várias entidades filantrópicas tiveram de fechar. Madoff foi condenado a 150 anos de prisão.

O livro é bem escrito e está cheio de historinhas interessantes. Mas é inevitável terminar com uma certa irritação, porque os familiares tentam se mostrar como vítimas de Madoff.

"The Quest: Energy, Security, and the Remaking of the Modern World" (Penguin Press), de Daniel Yergin está na minha lista para 2012. Yergin é autor de "The Prize" (Free Press), sobre a história do petróleo, que ganhou o Pulitzer.

ÉRICA FRAGA

O livro "Saga Brasileira" (Record), da jornalista Miriam Leitão, narra, com fartura de bastidores interessantes, a história da inflação no país.

Vai dos primeiros surtos de altas de preços no Brasil, ainda no século 19, ao descontrole inflacionário do fim da década de 80 e do início dos anos 90. A obra atravessa o Plano Real e conta os esforços após o sucesso inicial de debelar a inflação para manter a estabilização da moeda.

A jornalista consegue combinar história econômica com casos impressionantes que ilustram como o mal inflacionário afetou a vida de milhões de brasileiros.

Na minha lista, está o livro "Poor Economics" (Public Affairs), de Abhijit Banerjee e Esther Duflo. Parece trazer uma abordagem nova e interessante sobre por que é tao difícil sair da pobreza.

TONI SCIARRETTA

"Detesto puxadinho". Assim, o empresário Eike Batista narra como tornou os maiores gargalos de infraestrutura do país -energia, logística, navios etc.- em oportunidade para ganhar dinheiro.

"O X da Questão" (Sextante) é fundamental para quem quer entender os negócios dos anos 2010 e conhecer a cabeça de Eike Batista, espécie de "serial entrepreneur" -ele lançou no final do ano a 13ª empresa do grupo.

Eike conta como se tornou o queridinho do mercado de capitais (ele captou US$ 26 bilhões vendendo ações na Bolsa) e que, literalmente, distribuiu dinheiro aos "sócios que confiaram nele". "Para criar meu primeiro bilhão de dólares, gerei US$ 20 bilhões em riqueza para os investidores."

A narrativa é cansativa, quase um monólogo do turbilhão de seus pensamentos; nada lembra a expressividade com que se mostrou com sangue "geladérrimo" durante a crise e que convence os maiores investidores do mundo a segui-lo em suas aventuras empresariais.

Em 2012, vou ler "Banker to the World" (McGraw Hill), do ex-Citi William Rhodes, que recebi autografado.

PAULA LEITE

Um dos melhores livros de negócios que li no ano foi "In the Plex" (Simon & Schuster), tratado sobre o Google escrito pelo jornalista Steven Levy.

Com acesso privilegiado aos fundadores e aos principais funcionários da empresa de internet, o jornalista relata como o Google passou de start-up de geniozinhos a conglomerado da internet.

Episódios polêmicos não ficam de fora, como o traumático rompimento da parceria do Google com a Apple e a conturbada entrada do Google na China.

Se por vezes o autor "compra" a explicação do Google para episódios polêmicos, isso não chega a tirar o mérito do livro, possivelmente o mais completo sobre a fascinante empresa.

Para 2012, está na minha lista o novo livro de Jim Collins, "Great by Choice" (Harper Business). Collins é autor de "Empresas feitas para vencer" e "Como as gigantes caem", livros em que usa pesquisa empírica para identificar características de empresas bem-sucedidas.

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