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Megabancos buscam saída para calote da Argentina

Instituições oferecem comprar a parte de fundos em litígio na dívida do país

Juiz impediu Buenos Aires de pagar a credores restantes até solucionar impasse; governo nega que esteja em 'default'

RAQUEL LANDIM ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Depois da associação de bancos privados argentinos, grandes bancos de investimento internacionais negociavam, nesta quinta-feira (31), a compra dos títulos da dívida externa da Argentina que estão nas mãos dos fundos "abutres" que levaram o país à Justiça dos EUA.

É mais uma tentativa de reverter o calote técnico do país, o segundo em 13 anos.

A Argentina não conseguiu chegar a um acordo com os fundos litigantes até quarta (30), prazo final imposto por um juiz americano que arbitra o caso, e não pode, por isso, pagar aos demais credores, que têm 92% da dívida.

A Justiça americana determinou que a dívida já renegociada só poderá ser paga quando se acertar o US$ 1,3 bilhão cobrado pelos fundos.

Segundo as informações que circulavam nesta quinta (31) entre banqueiros e consultores em Buenos Aires, os bancos JPMorgan, Goldman Sachs, HSBC e Citibank teriam interesse nos papéis dos fundos litigantes. Os bancos não comentaram o assunto.

MAIS PRAZO

Se os títulos forem adquiridos pelos bancos, eles podem pedir ao juiz que aumente o prazo para negociar com a Argentina, o que permitiria ao país pagar aos demais credores e evitar o calote técnico.

Os fundos litigantes rechaçam dar mais prazo.

O NML, principal credor em litígio, não se manifestou sobre a oferta dos bancos. O fundo Aurelius informou que "foi contactado por [bancos] privados para comprar parte de seus títulos, mas não recebeu uma oferta que possa ser considerada seriamente".

Os bancos internacionais venderam CDS (credit default swaps) da dívida argentina, um contrato que serve como uma espécie de seguro anticalote. Podem ter, portanto, prejuízo.

O ministro da Economia, Axel Kiciloff, afirmou que não se opõe à ação dos bancos internacionais, que, a seu ver, estão preocupados com suas próprias perdas. "Se quiserem colocar o dinheiro deles, a Argentina não se opõe."

Analistas, no entanto, duvidavam que a oferta venha a ser bem-sucedida, assim como não foi a dos bancos argentinos feita em encontro com os litigantes na véspera do calote em Nova York.

Enquanto os fundos pedem US$ 1,3 bilhão por seus títulos, o governo argentino só está disposto a pagar US$ 400 milhões, desconto semelhante ao obtido na renegociação da dívida em 2005 e 2010.

AUDIÊNCIA

O juiz Thomas Griesa, que conduz o caso, convocou nova audiência para esta sexta (1º) em Nova York.

Não foi divulgado qual será o tema discutido, mas a expectativa é que se decidida o destino dos US$ 539 milhões depositados pela Argentina no banco BNY Mellon para pagar os juros da dívida que expiraram na quarta.

O depósito é usado pelo governo argentino para afirmar que não deu calote. Mas, nesta quinta, o BNY Mellon enviou carta aos credores esclarecendo que não vai transferir o dinheiro até o juiz mudar a ordem para bloqueá-lo.

Se a situação técnica de calote se mantiver, os credores que reunirem 25% da dívida poderão pedir antecipação dos pagamentos, que seriam parcelados até 2033.

Caso isso ocorra, a Argentina terá uma dívida de curto prazo de US$ 30 bilhões, valor que supera em US$ 1 bilhão suas reservas externas.

A Bolsa de Buenos Aires, que subira nos últimos dias com a expectativa de acordo, caiu 8,38%. O dólar paralelo chegou a 12,7 pesos, ante um câmbio oficial de 8,2 pesos.

Com o calote, as consultorias estão recalculando suas estimativas para a economia argentina. Em vez de uma recessão de 1,5%, agora estimam queda de 3% do PIB.


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