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Brasil importa 20% menos da Argentina e agrava crise vizinha

Desaceleração da economia brasileira no 1º semestre afetou compra de produtos argentinos

Compras brasileiras de trigo caíram 50%; imprensa argentina diz que PIB menor no Brasil é pior do que calote

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Com o desempenho fraco da economia brasileira, será mais difícil para a Argentina sair da crise.

O Brasil é o principal destino das exportações argentinas, responde por um quinto de tudo o que o país vende ao exterior. No primeiro semestre deste ano, porém, as compras brasileiras de produtos argentinos caíram 20%.

A redução tem um impacto relevante nas contas argentinas, porque o Brasil compra quase 90% do trigo produzido no país e mais de 80% dos automóveis fabricados por lá.

Estes são os mais importantes produtos da pauta exportadora da Argentina.

De janeiro a junho, o Brasil comprou 50% menos trigo argentino e 28% menos automóveis do vizinho.

O estrago é tamanho que a imprensa argentina chegou a afirmar que o menor PIB brasileiro é mais danoso do que o calote da dívida externa.

O jornal "Perfil" publicou reportagem, sem citar fontes, dizendo que os técnicos do governo que "olham a economia real" afirmam que o estancamento brasileiro preocupa mais do que o calote.

São citadas a previsão de crescimento do PIB brasileiro, inferior a 1%, e a queda da produção industrial.

"O número é 2%. Quando o Brasil cresce abaixo disso, as exportações argentinas quase não se mexem", diz o diretor da consultoria Abeceb Dante Sicca, ex-secretário de Indústria argentino.

Para ele, a Argentina precisa se preocupar tanto com a dívida quanto com o Brasil, mas, no segundo caso, "não pode fazer nada".

OFERTA SUMIU

A queda das compras brasileiras da Argentina é mais intensa do que o recuo total das importações (-3,8%).

No caso do trigo, segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), não foi possível comprar mais porque a produção e as vendas do vizinho encolheram.

Segundo a Secretaria de Agricultura da Argentina, o estoque disponível de trigo para exportação caiu à metade nesta safra, para 1,5 milhão de toneladas.

O Brasil, que comprará cerca de 5,5 milhões de toneladas de trigo no exterior neste ano, teve que trazer cereal dos Estados Unidos.

Para Daiane Santos, da Funcex, a queda da importação de carros se explica pelo recuo nas vendas no Brasil.

"Nossa desaceleração piora o cenário para a Argentina", afirma Castro. Para ele, porém, a crise pode baratear produtos do vizinho e ajudar as vendas externas do país.


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