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Análise

Desigualdade elevada prejudica crescimento

Estudos mostram que ampliar ajuda a pobres aumenta oportunidades para a população e beneficia avanço econômico

Existem fortes provas de que tornar os pobres menos pobres beneficia um país

PAUL KRUGMAN DO "NEW YORK TIMES"

Por mais de três décadas existiu acordo, entre quase todo mundo que importa na política dos EUA, quanto a que impostos mais altos para os ricos e assistência ampliada aos pobres prejudicavam o avanço econômico.

Os progressistas consideram que essa é uma barganha que vale a pena e estão dispostos a aceitar alguma queda no PIB em troca de ajudar os concidadãos necessitados.

Os conservadores, por outro lado, defendem que a melhor política é cortar impostos dos ricos, reduzir fortemente a assistência aos pobres e contar que a maré alta erga igualmente todos os barcos.

Mas agora existem indícios crescentes em favor de uma nova interpretação, a de que a premissa para esse debate é errada e que aumentar a equidade não significa reduzir a eficiência. Por que?

É fato que economias de mercado precisam de certa dose de desigualdade para funcionar. Mas a desigualdade americana se tornou tão extrema que vem infligindo sério sofrimento econômico.

E isso, por sua vez, implica que a redistribuição --ou seja, tributar os ricos para ajudar os pobres-- pode bem elevar, e não reduzir, o ritmo de crescimento da economia.

Você pode se sentir tentado a descartar essa ideia como otimismo infundado.

Na realidade, existem provas sólidas, vindas de instituições como o FMI, de que uma desigualdade elevada prejudica o crescimento e de que a redistribuição pode ser boa para a economia.

A nova visão ganhou o apoio de um relatório da Standard & Poor's, que sustenta a posição de que uma desigualdade muito forte prejudica o crescimento.

A agência estava resumindo o trabalho alheio e ninguém precisa aceitar o que ela afirma como verdade inquestionável (basta recordar seu ridículo rebaixamento dos títulos americanos).

O que o endosso da S&P demonstra, porém, é até que ponto essa nova visão ganhou circulação. A esta altura, não existe motivo para acreditar que reconfortar os confortáveis e afligir os aflitos seja bom para o crescimento, e boas razões para crer no oposto.

Especificamente, se você considerar de forma sistemática os dados internacionais, constatará que níveis mais baixos de desigualdade estão associados a avanço mais rápido, e não mais lento.

Ou seja, não existe prova de que enriquecer ainda mais os ricos enriqueça a nação, mas existem fortes provas de que tornar os pobres menos pobres a beneficie.

Mas como isso é possível? Tributar os ricos e ajudar os pobres não reduz o incentivo a ganhar dinheiro? Sim, mas incentivos não são a única coisa que importa para o crescimento. Oportunidade também é crucial. E a desigualdade extrema priva muitas pessoas de realizar seu potencial.

Pense a respeito.

As crianças talentosas nas famílias norte-americanas de baixa renda têm a mesma chance de usar seu talento --de obter a educação certa etc.-- que os filhos de famílias em escalões mais altos da hierarquia? É claro que não. E isso, além do mais, é não só injusto como dispendioso. Desigualdade extrema significa desperdício de recursos humanos. E programas governamentais que reduzam a desigualdade podem tornar o país como um todo mais rico, ao reduzir esse desperdício.


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