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Petrobras vai pagar US$ 434 mi extras por gás natural boliviano

Desembolso faz parte de acordo de 2007 entre Lula e Morales

FABIANO MAISONNAVE RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

Após mais de sete anos de impasse, Petrobras e Bolívia chegaram a um acordo pelo qual a estatal pagará, até o fim deste mês, US$ 434 milhões pelo envio de excedente energético do gás natural exportado ao Brasil, anunciou nesta segunda-feira (18) o presidente Evo Morales.

Esse pagamento foi imposto à Petrobras pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro de 2007, em visita de Morales ao Brasil.

Na época, Lula justificou a medida, que enfrentava resistência da Petrobras, como ato de "generosidade" e de "solidariedade". Antes, Morales havia se recusado a deixar o prédio do Itamaraty caso não houvesse um acordo sobre o chamado gás rico.

Por meio de nota, a Petrobras informou que o acordo provocará perda de US$ 268 milhões no terceiro trimestre, mas que seu efeito final, no ano, terá "um valor positivo de US$ 128 milhões".

Segundo ela, o acordo é "vantajoso" porque e assegura "a alocação preferencial para o mercado brasileiro do gás natural que a Petrobras venha a descobrir na Bolívia".

O acordo final foi bastante celebrado por Morales, que está em plena campanha de reeleição --o pleito será em outubro. Ele fez pessoalmente o anúncio, em Santa Cruz, em evento que contou com a presença do diretor da Petrobras José Alcides Santoro.

Em discurso, ele disse que a dívida da Petrobras até 2013 chegou a US$ 457 milhões, mas, por causa de multas contra a Bolívia por problemas de fornecimento, o total a ser pago é de US$ 434 milhões.

Por sua vez, Santoro disse que a Petrobras aprendeu a respeitar a estatal boliviana YPFB pela "responsabilidade e confiança" no fornecimento de gás, segundo a agência de notícias Efe.

GÁS RICO

O acordo faz a Petrobras pagar mais pela mesma quantidade de gás comprado, 30 milhões de metros cúbicos diários. Mas a Bolívia argumenta que o gás fornecido, por causa de sua composição química (gás rico), produzia uma quantidade de energia maior que a necessária para o uso industrial no Brasil.

Desde que a promessa de pagar pelo gás rico foi feita por Lula, houve resistência dentro da Petrobras. Segundo apurou a Folha, o departamento jurídico da estatal chegou a recomendar que o pagamento fosse evitado, o que vinha ocorrendo.

Sob a condição de anonimato, técnicos da estatal disseram que a demanda da Bolívia não faz sentido tecnicamente. Na avaliação deles, a Petrobras paga duas vezes pelo mesmo produto, já que o poder calorífico do gás é previsto em contrato e o produto não chegava ao país separado das outras moléculas.


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