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Opinião

Estagflação assombra uns emergentes mais que outros

VINICIUS CARRASCO JOÃO MANOEL PINHO DE MELLO ESPECIAL PARA A FOLHA

O desempenho da economia mundial e seus efeitos no Brasil é um dos temas do momento. Gustavo Patu, na reportagem "Estagflação assombra países emergentes" [24/8, pág. B1], mostra que a combinação de inflação alta e crescimento baixo não é nosso privilégio.

O secretário de Política Econômica, Márcio Holland, abre uma entrevista em "O Estado de S. Paulo" afirmando: "Muitos analistas simplesmente abstraem a conjuntura internacional". Em português: para o governo, o desempenho econômico medíocre no governo Dilma é culpa do cenário externo ruim.

Concordamos com o secretário: é errado "abstrair a conjuntura internacional".

Mas pau que bate em Chico bate em Francisco.

O cenário externo favorável causou o bom desempenho nos anos Lula? Ou será que a economia mundial começou a nos afetar somente a partir de outubro de 2008?

Feita adequadamente, a comparação externa é útil. Estamos todos mal. Mas será que, comparado com os pares, o Brasil vai bem?

Escolher os pares é sempre difícil. Como Patu, elegemos os emergentes, conforme a definição do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Em Paridade de Poder de Compra, o Brasil terá crescido 2,8% ao ano (a.a.) durante o governo Dilma, confirmada a projeção do FMI para 2014. Entre os emergentes, o crescimento mediano terá sido 4,6% a.a. nesse período.

O Brasil foi o penúltimo entre 21 países, superando a Venezuela. E por pouco: o berço bolivariano terá crescido 2,7% a.a. Só outros 4 países cresceram menos que 4% a.a.

A anemia foi produto de um ajuste anti-inflacionário? O atual BC não é exatamente campeão dos falcões, mas a derrota em crescimento pode ter sido vitória em inflação. No Brasil, a inflação média terá sido 6,04% a.a. Entre os emergentes, 3,62%. Ficamos na frustrante 15ª posição.

E comparando com a América Latina? Excluindo as ilhas da fantasia, temos 20 países. Novamente, o desempenho brasileiro no período foi medíocre: 15º em crescimento e 14º em inflação.

Teríamos sido, através do comércio, particularmente prejudicados pela desaceleração mundial?

Entre os emergentes, o Brasil é o país mais fechado ao comércio externo. Não sofreria tanto por esse canal. A via financeira? Pelo contrário: a liquidez no mercado externo esteve alta para todos, com taxas de juros baixíssimas para padrões históricos.

Talvez o cenário externo tenha atrapalhado. Os dados sugerem que fomos mal por conta própria.


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